terça-feira, 30 de julho de 2013

EU QUERO UMA CASA NO CAMPO




Depois de 30 dias de férias no interior, sem TV, sem 3D.
Sem celular e internet, no qual fiz questão de ficar sem, depois da crise de abstinência
Percebi que o tempo passou com menos pressa, percebi que senti menos fome, principalmente nos intervalos das refeições, a pele e o cabelo ficaram mais bonitos
Percebi que passei a ouvir mais e falar menos, que as minhas frases tinham pausas mais longas, dando licença para o raciocínio e espaço para o ouvinte.
Percebi que prestava mais atenção nas conversas, nos gestos, nas crianças e no silêncio.
Aliás o silêncio foi adorado com reverência. No silêncio percebi o prazer e o calor das companhias.
Li menos, com o propósito de estar mais presente nas relações reais; Menos dentro e mais pra fora. Estava farta de mim.
A terapia veio das lembranças de sabedoria popular das avós que me arrancaram sorrisos leves e solitários, frases que não mentem, ou melhor, são tão verdadeiras que não existe outra coisa mais apropriada a dizer do que elas em algumas situações.
A casa da avó, cheira conhecimento de vida, incomoda a pressa a se aquietar, nos faz sentar no sofá nem que seja para lembrar que não temos nada para fazer nas próximas horas.
Horas suficientes para se lembrar das broncas recitadas em ditados e reconhecer que sem querer, na hora H, como se tivessem vida própria, invadem nossas lembranças e nos aconselham, assim como as avós

“Tristezas não pagam dividas”.
“Se queres ser bom alheiro, planta alhos em janeiro”.
“Segundo lá escolhestes, assim a cá contentais”.
“ Faz a fama e deita na cama”.

Essas eram da avó portuguesa...

E tem as da avó do interior, mais abrasileiradas.

“Quem com Porcos anda, farelo come”.
“Quem anda com o cão, segura o bastão”.
“Um olho no burro, outro no cigano”.
“Todo burro come palha, é preciso saber dar-lhe”.
“Um burro carregando livros é um doutor”.

É assim fui colocando cada frase dessas, em seus devidos lugares, nos meus arquivos mentais

“Nunca são esquecidas, as lições aprendidas”.

Sem precisar de nenhum livro de auto ajuda, nem de ciência que o valha, nem ainda de ajuda profissional para as crises
Com a serenidade de que a vida é mais sabia e ensina mais do que qualquer biblioteca.