Não sou alguém instruída no assunto política, nem jornalista, nem especialista, mas para seres mortais como eu, que trabalham, pagam direitinho seus impostos, vive e sobrevive, é muito intuitivo, até porque é também visível, perceber que alguma coisa está fora da ordem.
Na minha experiência, no trabalho que desenvolvo em um certo setor público que projeta, licita, administra a grana e constrói HIS (habitação de interesse social) tenho tempo suficiente para entrar periodicamente em quase todas as favelas de São Paulo e conhecer uma realidade que muita gente só conhece na teoria ou no mapa Google.
Entrar na favela, quase todos os dias, me tornou uma pessoa pouco tolerante, não consigo entender certas migalhas a que chamam de melhorias (digo no pais inteiro) as custas ou em troca de enriquecimentos pessoais.
Sem crise da conspiração, falo com propriedade porque não constato isso da janela do ônibus que passa em frente, nem da tela de TV, ou da propaganda de oposição a situação. Eu piso naquela terra todos os dias, eu vejo quem tá lá e sei que de alguma forma, cumpro obrigações morais acordadas comigo mesmo, quando faço meu trabalho consciente de que sou parte de tudo aquilo e que a minha contribuição torna a vida daquelas pessoas um pouco melhor.
Portanto minha experiência social é diária, no trabalho como arquiteta, engenheira de segurança, pretensiosa “artista fuleira”, aquariana que pretende salvar o mundo, portanto sonhadora, sempre achei que pudesse mesmo fazer parte de um mundo melhor com pessoas decentes e acho que isso não é nenhum absurdo quando cada um se compromete com a sua parte.
A prerrogativa é: Decência e não precisamos de nenhuma tese de doutorado para constatar.
Decência se torna um problema! Porque na política nos comportamos como grupos, partidos e tal .... E, em uma análise superficial, a maioria adota a lógica da coletividade, esquecendo que de vez em quando é necessário parar e pensar: Pera lá, com isso aí eu não concordo!!
EU, EU, EU. Não o meu grupo ou o meu partido. Decência é algo pessoal !!!
Por motivo de decência, escolhi não ser de esquerda e nem de direita, porque não consigo pensar com a cabeça de ninguém e nem aceito que decidam por mim, sou dona das minhas escolhas e voto em pessoas, porque os programas e as propostas são todas maravilhosas e fica difícil escolher quando tudo é muito bom.
Fazer conta todo mundo sabe, ou quase todo mundo, porque também não temos escolas, além de habitação, saúde e tudo que é garantido pela constituição. Mas eu sei fazer conta, ufaa!! E sei quantas UH (unidades habitacionais) dá para construir com toda a grana da cueca, das privatizações, dos “mensalão” em todas as instancias, gestões e blá, blá, blá.
Política não pode ser uma ciência de acordos imundos em que se obtem fins pelos meios. E partidos não são religiões.
Muita gente participa de programas sociais, provavelmente as pessoas para quem trabalho também. Ok, temos um país sem fome.
Mas sabe aquela historia de “ a gente não quer só comida” ?
Aquela gente da favela não teria a mínima condição de comprar no mercado imobiliário o mesmo m2 oferecido ou subsidiado, em qualquer outro lugar do planeta, e programas como esse, deixam de ser cumpridos porque a grana desaparece.
Não são as migalhas que se critica e sim a gordura que nunca será repartida.
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obra de HIS feita onde antes existia um favela por algum tempo carreguei para casa a terra suja do chão dessa obra |
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