segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Gato de Bruxa




















O gato olhou pra mim
Com cara de cachorro sem dono
E eu, inocente acreditei
Que bicho felino também podia
Em qualquer domingo de dia
Ter sua dose de apatia

Dei casa comida e água
dei meu sofá e roupa lavada
E o desgraçado na primeira escapada
De uma fresta de janela diurna
Esquecida por estar emperrada
Se foi sem olhar pra traz
Por cima de uma sacada

Eu já sabia na vida que
Amar felinos, artistas e poetas
É sofrer de mal de abandono

De mal de saudade

A essa altura da vida
Sem resquício de amor próprio
Na hora em que o gato retorna
Sujo, maltrapilho e com fome
Eu uso um dos seus três nomes

Pra me consolar que agora
Além de mulher que labora
Sou mulher de malandro
De gato safado
Que fingindo algo implora

Bruxa do dia!
De felino branco
Insuportavelmente
Livre