Quem é dos anos 80 como eu, deve lembrar com um sorrisinho apertado e nostálgico do filme Karate Kid e do jovem Daniel Larusso, mais conhecido como Daniel San ( Deuusss !!! Hoje acho o personagem uma criança, mas na época me apaixonei por ele RS) nas cenas emblemáticas em que lavava os carros do Sr Miagui e ainda pintava as cercas kilométricas até ficar com os braços imprestáveis.
Por alguns motivos, nesses dias, tenho me sentido um pouco
Daniela San, sendo obrigada a repetir exercícios de testes a minha paciência,
ou de desenvolvimento da paciência que não tenho (ainda).
Exercícios que se manifestam por vontades malucas, que vão
desde arrumar as gavetas, o guarda roupa, as bijuterias, a penteadeira, tudo
minuciosamente por cor, tamanho e preferências, a podar trepadeiras monstruosas que requerem
planejamento estratégico para não ser engolida viva, até a ouvir pessoas
cansativas e cansadas da vida por horas ou minutos, sei lá, da eternidade. Estou bem obrigada!!
Essa vontade, ou boa vontade com toda essa organização e
paciência que nunca tive, tenho refletido, ser parte dessa terapia que venho
sendo obrigada a fazer “by myself” sozinha comigo mesma, com todo o peso das
redundâncias RS!!
Tenho ansiado a algum tempo por isso, mesmo sem a consciência
clara, tenho buscado a organização e paciência um tom acima do que consideraria
como aceitável a não evoluir para um TOC. Como o caminho para disciplina.
Aos 30 passei por um momento bem importante e passando a
linha da metade do caminho para os 40, sinto que se aproxima outro ciclo de
aprendizado, e sem a bendita da disciplina não será possível aproveitar o que
está por vir. Sem entender a essência disso, não poderei entrar em espectros
que a muito tempo desejo conhecer, a muito tempo mesmo, alguns desde criança.
O trabalho meticuloso e paciente do Daniel (a) San, não tem
sido fácil pra mim, as vezes me arrancam lágrimas de ódio, tenho consciência de
quantas limitações tenho por falta de disciplina e de quanto tempo eu perco
quando já poderia aproveitar o sol batendo no meu rosto, e aquecendo o meu
coração. Mas ao invés disso me sinto uma criança disléxica lendo um livro em
aramaico!!
Enquanto choro de raiva, me contento em arrumar as gavetas e
podar as plantas, pedindo a ordem que tanto quero e acreditando que fazendo
isso fora, ela venha também pra dentro de mim.
"O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e tranquila. Em silêncio. Sem dar conselhos. Sem que digam: "Se eu fosse você". A gente ama não é a pessoa que fala bonito. É a pessoa que escuta bonito. A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta. É na escuta que o amor começa. E é na não-escuta que ele termina. Não aprendi isso nos livros. Aprendi prestando atenção."
ResponderExcluir(In: O AMOR QUE ACENDE A LUA) Rubem Alves