quinta-feira, 25 de abril de 2013

E SE TUDO ACABASSE AGORA?

11/05/12

Percebi que  assim como na virada do milênio em 2000 voltaram as especulações e previsões  sobre o fim do mundo para 2012.
Não sou a pessoa mais apropriada para falar sobre isso, admito minha ignorância e limitação no assunto; Acabo juntando tudo, as profecias Maias, os cálculos astronômicos o alinhamento do universo com as teorias de conspiração o Armagedom ou dia D, com uma pitada de extraterrestres e por ai vai... Visto que, conforme escrito,  acabo fazendo uma  espécie de sopa apocalíptica com uma pitada de acido lisérgico,  e por isso vou poupá-los dos meus conhecimentos, pesquisas  e teses sobre o assunto.

 Na verdade a grande vantagem de tudo isso  é justamente a  seguinte pergunta:  “E se?”

Talvez o “e se” seja a nossa esperança nesse ano para uma melhora significativa em todos os sentidos,  em muita gente a consciência  da não continuidade, da finitude   incomoda e  deve ser por isso que se  joga esses assuntos e tudo o que se relaciona a  ele, lá pros “subs” da mente.

Mas lembrar que tudo vai acabar  nos coloca de frente com questões que geralmente fugimos quando está tudo bem,  afinal tudo pode ficar para ser resolvido amanhã, nada é urgente, temos o tempo como aliado e cúmplice da nossa “perda de tempo”.
Em resumo: O  tempo que nos dá tempo é o mesmo tempo que nos tira o tempo.

Principalmente por isso espero que o “e se” sirva pelo menos para alguma coisa, se tudo realmente não vir a explodir e virar poeira cósmica, sirva pelo menos para adiantar aquilo que protelamos com a desculpa de que temos o  tempo a nosso favor.

Pensando nisso hoje  dentro do metrô, ao vir  trabalhar tive uma experiência que quero dividir com vocês

Começou com um exercício de brincar com o “ e se” e com o “tempo” imaginando que:

Se agora algum maluco cruzasse meu (nossos) caminho (s) gritando desesperado  que  o mundo acabaria em 10 minutos; Presta atenção!!!  10 minutos!! Não é amanha.

Para amanhã daria tempo de fazer um monte de besteiras, do tipo: Comer uma pizza inteira sem dor na consciência  para não citar coisas piores.

Imaginem que 10 minutos não dá tempo nem de pedir perdão a  nenhum desafeto, não de forma decente! Nem de fugir, nem de salvar ninguém, a não ser a si mesmo. Considere também que o planeta não tem seguro, e por isso menos ainda franquia, dinheiro não serve pra nada nesse caso, é perda total!!

Pode ser que para a maioria das  pessoas receber essa  noticia, não tenha a mínima  importância, para outras só o fato de pensar já é assustador, mas o que você faria se tivesse certeza que se trata de uma verdade?

Algumas pessoas poderiam tentar se enquadrar no grupo dos arrependidos de última hora (como se isso fosse possível) ajoelhados,  pediriam clemência (seja lá para quem) outros ao se adiantarem optando pelo suicido resolveriam a crise dos 10 minutos;  Enfim são várias as possibilidades imaginárias de reações.

Agora eu, no momento  que  imaginei essa situação, senti uma inexplicável paz, e esclareço, não tem nada a ver com religião,  aconteceu no momento que pensava no fim tentando torná-lo real na minha mente, nesse mesmo momento, senti o sol batendo no meu rosto, olhei para cima e  vi que vinha de  uma fresta em uma laje de concreto, isso enquanto andava quase correndo para não perder o trem que estava parado na plataforma, aquele calor sutil do sol em um dia frio, a sensação do calor me fez sentir uma sutil gratidão, comparado a retribuição de um afago, não me importei mais com o alarme sonoro do trem avisando que as portas  iriam fechar, diminui a velocidade das passadas e  senti uma paz que me comoveu, em seguida lembrei de todas as pessoas que gosto, senti uma enorme gratidão por poder compartilhar o mesmo espaço e o mesmo tempo com elas, lembrei que a vida, apesar de não ser uma eterna festa, já me deu momentos que, aconteça o que acontecer estão marcados na minha alma pra sempre ( e espero muito que o sempre exista )

Lembrei das minhas filhas e senti uma profunda gratidão por ser mãe, não que isso seja a receita da felicidade, em respeito por quem decide não ser, pois acredito que esse tipo de felicidade não vem de um acontecimento, mas daquilo que a gente tira ou percebe de um acontecimento, assim o fato de ser mãe, ampliou a minha percepção, esclarecendo na prática sobre o que eu sabia na teoria do que é amor incondicional, amor gratuito, amor sem trocas, e sou extremamente grata por isso, porque no meu caso, depois desse acontecimento sou  uma pessoa melhor.

Senti gratidão até  por passar em frente ao um piano que na hora um jovem tocava uma música que me parecia conhecida.
Senti gratidão porque sempre recebi muito mais do que eu suponho merecer, muito amor, muito cuidado, muita bronca (ainda bem porque essa parte, sei que mereço)

Enfim, a idéia do fim para mim  trouxe a sensação de gratidão, e se o fim fosse verdade, apesar de estar tranqüila não receberia com alegria,  não posso dizer que estou farta da vida, pelo contrário e por tudo isso, eu quero é mais!!

A FESTA DA FIRMA


 
Roteiro de um desastre.....

 Era fim de ano com todas aquelas festas intermináveis.

Tem a festa da galera (só para a galera) tem a festa do departamento (só para o departamento) tem a festa da diretoria (só para a diretoria) e tem a festa da FIRMA.

 Eu sempre acho que: Se você tiver que escolher entre todas, a melhor é a festa da Firma, ela cumpre o papel de forma geral e é nessa festa que acontecem as mais improváveis barbaridades, as secretárias dançam “conga la conga” e coisas do gênero, senhores distintos e respeitáveis depois de alguns copos, abraçam e agarram  moças distraídas  na festa causando constrangimento, risadas de quem observa a situação de longe e assunto por anos intermináveis. Até garrafada na bunda (pasmem) você pode levar na hora de ir embora...
 
Algumas pessoas esquecem que as festas coorporativas são a extensão do trabalho, e falam mais do que devem, falam para quem quiser ouvir sobre como são bons e eficientes, relatam quantas propostas de empregos receberam durante o ano e reclamam o quanto ganham pouco pelo que valem.

 Esse é o cenário típico e físico de uma festa de fim de ano da firma, ou uma parte dela, porque a festa mesmo começa bem antes,desde a primeira hora do dia até minutos antes no banheiro com a mulherada retocando a maquiagem.

 Mas não acaba aí, tem o cenário meteorológico (previsível) de um dia típico desses de final de ano.

 Pra quem mora abaixo da linha do equador em país tropical, nessa época, chuva torrencial é só um mero detalhe, ok?
 Mas, desde que você  não esteja em baixo dela em um campo completamente aberto com uma ventania de100 km/h. Isso é uma regra importante!

Deixando esse cenário ainda mais interessante você pode ter na bolsa um “guarda chuvinha” vagabundo comprado em barraquinha de camelõ.
E um trajeto simples como da empresa até o local onde o carro está estacionado, pode virar algo parecido como o caminho de Santiago de Compostela no quesito sacrifício.

 Ainda dá para piorar  se você não estiver sozinho e se a pessoa que te acompanha em um escândalo cinematográfico estiver  gritando SOCORRO !! SOCORRO!! Pendurado no seu pescoço!

 Esse agravante que grita socorro se chama Jeff
 Jeff junto comigo tentava chegar na festa, ao mesmo tempo que gritava pendurado no meu pescoço, eu nessa hora já segurando o guarda chuvinha de frente (porque aquilo não era um chuva, e sim um campo de batalha) ria impotentemente ao ponto de sair lagrimas do olhos que a chuva lavava no segundo seguinte. Não sei bem se o ataque de riso vinha do nervoso ou em resposta a  própria situação que era insustentável.

Nem a cena logo adiante de uma moça que não sabia se segurava o guarda chuva ou o vestido que o vento insistentemente tentava arrancar servia de consolo para a situação.
Eu que nessa hora já estava molhada da cabeça aos pés, (isso inclui o cabelo) com a maquiagem toda derretida e com  aquele cheiro de cachorro molhado que só quem passa por essa situação conhece. Ouvi:

-Nossa, sua cara parece um “leite derretido” ( com a última sílaba bem acentuda) esta horrível, mais não tem problema porque seus olhos continuam lindos e intactos sem nenhum borradinho!

 Já tinha me conformado com  a minha dignidade escorrendo com a lavagem da chuva, mais “feia” foi demais...

 Mesmo sem entender qual era a compensação de estar horrível com a cara derretida pela   maquiagem mas com os olhos intactos, mais uma vez fui tomada por um ataque de riso, mas dessa vez eu sabia, era de nervoso. O jeito foi esperar, sentamos no chão, que a essa hora estava mais que limpo, só restava isso diante daquela situação, esperar aquela força avassaladora da natureza passar.
 Enfim a chuva passou, era chuva de verão

 Jeff mais tarde, foi perdoado pelo comentário mais devastador que a chuva, quando já no carro comigo, insistentemente indo para a festa da FIRMA, tirou da sua “Super Bolsa da Transformação” muitas e muitas maquiagens. E dessa vez com uma presença de espírito enorme disse:

-Vai, vai!   

-Arruma essa cara, não precisa de muito, nem fazendo força você fica feia!!
 E assim com a mesma espontaneidade de antes, mas agora em um elogio, a questão estava resolvida!!

DIÁRIO DE OBRA II



 
A reunião estava  tensa, os  prazos eram inegociáveis , as questões técnicas por mais exemplares  nunca estavam suficientes para  órgão institucional  que de tão minucioso  beirava ao exagero. As pessoas na sala lembravam os  personagens de Kafka naqueles tramites burocráticos  intermináveis . Na folha branca usada para anotações de pauta, a arquiteta escreveu  algo mais ou menos assim: “não se deve tentar deter uma pedra que já começou a rolar morro abaixo, o melhor é dar-lhe impulso”. Tinha lido isso em algum lugar mas não se lembrava onde e o titulo lhe pareceu apropriado para as anotações previsíveis  que seguiriam  abaixo.
O telefone toca!
-Alô!!
Era o engenheiro...
-Oi, preciso da sua ajuda, o que eu faço , tem um defunto na obra!!
-Como assim? Quem morreu?  Foi acidente de trabalho?
-Não, foi uma moradora do condomínio, morreu de velhice! E é a sogra do traficante!
A arquiteta sem o menor filtro, respondeu a primeira coisa que lhe veio:
- N E L S O N      R O D R I G U E S !!!!!!!
Os integrantes da reunião, começaram a rir e a informaram que Nelson Rodrigues já tinha morrido, a tempos!!!
O engenheiro continuou, do  outro lado da linha
-Ela está sendo velada no canteiro de obras, no meio dos sacos de cimento e do lugar que a gente usa para fazer as reuniões,  tem até umas velas acessas aqui!
- Juraaaa?!!! Só falta chegar a noiva!!!
-O que? Que noiva?  Tá louca?
A arquiteta respondeu:
-A cena é digna de Nelson Rodrigues, só falta chegar a noiva. Será que dá pra fotografar?
-Como? Não estou te ouvindo direito!
A essa hora, todos os integrantes da reunião estavam olhando e prestando atenção na conversa, no começo ninguém entendia nada, parecia conversa de bêbado, mas na medida que o dialogo  se desenvolvia as pessoas comentavam que aquilo só podia ser uma brincadeira.
O engenheiro gritava do outro lado:
E os prazos? A peças para ligar os tubos ainda não chegaram na obra, o projeto tá uma porcaria, feito as pressas,  tem varias questões técnicas  que não estão claras, os engenheiros estão brigando entre si, e os parentes do morto  disseram que só desocupam o espaço às 13:00hs  são 9:00hs  agora, não vamos atender os prazos.
A arquiteta aproveitou que todos estavam interessados na conversa  e sutilmente aumentando o tom da voz, repetiu a única  informação que era conveniente ser passada:
XXXXXIiiiiiii,  O defunto é parente do traficante? E ele diz que não vai sair agora? O que?? Tá reclamando da obra também???!!!
E em um tom de voz desanimado o engenheiro perguntou:
-A gente já não vai tender os prazos  mesmo não é?  Você não conseguiu nada ai?
O que? Processar?!!! Tão dizendo que o quintal da casa deles virou  um canteiro de obras que tem retro-escavadeiras e perfuradores no  playground e não vai ficar por isso mesmo! Ai, Ai, Ai!!!!
O engenheiro resignado sugeriu:
-Será que a gente não consegue levar eles para outro lugar? Uma igreja talvez?
A arquiteta respondeu, enfatizando ainda mais a voz, agora em um tom solene e preocupado:
- Presta atenção, nós é que estamos no lugar errado ! Relaxa,  Nelson Rodrigues e João Cabral, adorariam estar no seu lugar!  Acho melhor você ser educado, participar do velório, porque a situação não tá boa pra você aí, só pede para eles tomarem cuidado com as velas, pra não pegar fogo, um defunto só já tá bom! E não esquece da foto!
-Ah é, então qual  a parte que te cabe nesse latifúndio? Bonitinha mais ordinária porque nessas horas você desaparece da  confusão !!
Agradeceu os deuses pelo telefone não estar no viva voz, bonitinha mais ordinária? O que iriam pensar!!! Respirou fundo, lembrou-se que era um engenheiro que estava do outro lado da linha e estava prestes a ter um enfarto.
Respondeu:
-É mesmoooo!!!!! Você tem razão, vamos precisar dos prazos agora, o velório atrasou tudo. Vou falar aqui! Não esquece da foto!
-Você vai fazer algum relatório com a foto e mandar para a prefeitura?
-Não, é que só de contar ninguém  vai acreditar, preciso mostrar para o pessoal aqui que a prática é mais complicada  que a teoria  e além disso essa também vai para meu arquivo  pessoal. Dá uma boa historia !!
-Ah é Susana Flag, que historia?
Ah! Obvio, você não esta vendo?!! É um belo exemplo, de que a vida continua, inclusive na hora da morte. Enquanto isso querido faça que nem eu, empurra a pedra, ladeira abaixo, que ela chega mais rápido.

DIÁRIO DE OBRA I


Sempre achei que falo de mais e escuto de menos, mas bater um papo com uma cachorra, ai já é demais...

Cheguei na vistoria, hoje de manhã, uma casinha singela em uma quase vila daquelas que vemos cada vez menos na cidade. Eu, atrasada como sempre, os donos atrasados por minha causa e pelo celular resolvemos o problema. A porta da casa ficaria aberta encostada por uma cadeira e as chaves em cima da TV. Tudo combinado!! Se não fosse por um detalhe esquecido, mas não menos importante, A Fiona!
Quando ela me viu empurrando a porta, a cadeira rangendo e eu vestida de preto, com minha calça de mulher gato...Putz!
Se não fosse pela cadeira entre nós...Tinha logo levado uma mordida.
Eu que não sou boba, fiquei ali, sem entrar nem sair, só com a cabeça para dentro da casa , suando frio!

Nessa hora lembrei da Mega Sena... "Meu Deus, eu posso estar rica!!""

Depois de alguns segundos, ela resolveu correr para debaixo de uma mesa
Então tive uma idéia, estúpida reconheço, e disse:
Oii, tudo bem? Meu nome é Daniela, não vou te machucar, posso entrar? Ela rosnava, latia e tremia o mesmo tempo.
O jeito era ligar para os donos e pedir socorro, mas logo vi em cima da TV uma camiseta e vesti, agora pelo menos eu estava com um cheiro que ela conhecia
Sentei no sofá, fiquei ali, olhando pra ela e ela pra mim, duas estranhas, cada uma com a sua razão
Eu não podia abrir a boca! Imaginem a Dani 15min sem falar!!! (foi bem mais que isso) quem diria...
Sei que aos poucos íamos nos acostumando uma com a presença da outra, resolvi sentar no chão e ficar na altura dela. Incrível!! Ela saiu de lá e veio na minha direção. Agora quem tremia era eu, a linha territorial que nos dividia estava sendo quebrada
Tive outra idéia, as bisnaguinhas em cima da mesa, era só estender as mãos. Pronto!!

Será que se eu tivesse dado as bisnaguinhas logo de cara, eu conseguiria o mesmo resultado? Talvez sim, mas ai eu não teria meus minutos de silencio, meu ritmo não seria diminuído e eu não teria "sacado" nada! Ali no "divã", a cachorrinha ensinou a arquiteta.

A relação de amizade estava constituída e por uma linguagem não falada mas extintiva, de respeito, paciência e algumas lambidas também.

Saudações caninas a todos!

Leia mais em: http://www.webartigos.com/artigos/a-cachorra-e-a-arquiteta/73115/#ixzz2OD7oBW4x

OS DEUSES DEVEM ESTAR LOUCOS



Eu não sei como funciona para o resto do mortais, mas para mim é muito difícil coexistir no mesmo mundo com os deuses, preferia quando os deuses ficavam lá nos campos interferindo na vida das pessoas de longe sem aparecer muito. O mundo dos deuses é o mesmo que o nosso, e isso é insuportável. Eu que sou uma desprezível “mortalzinha” mixuruca, acato resignada as ordens vindas lá do departamento de cima. Veja bem, não é do céu não! Lá de cima é logo ali bem perto.
Acato a troco de algumas uvas cultivadas no Olimpo e do pão nosso de cada dia. Pão e uva é tudo que  humanos medíocres precisam para viver!
Por ser mortal e logo imperfeita fico aqui esperando por justiça acompanhada de decisões sabias e coerentes, por ser humana, o exercício da justiça nem passa pela minha cabeça que é feita do pó da terra. Afinal quem transcende  tem o poder e o conhecimento ou o poder do conhecimento. Inocente  que sou, comunico aos deuses as  coisas que humildemente na minha posição suponho estar certo ou errado.
 E ai os deuses falam:
- Ah, deixa pra lá,  finge que não viu eu também vou fingir que não vi, afinal que importância isso tem?
E mais uma vez vou para diante do oráculo aprender a grande lição de desprendimento material, depois volto para a minha humanidade limitada, pensativa...
Quase que em prece, repito os ensinamentos em mantra sagrado:
Não há importância na vida (dos outros) isso é para os fracos, afinal pessoas quando vistas de cima, de muito alto parecem só formigas  e  pisar em formigas não leva ninguém para o inferno.
Não há importância em  fazer o que é correto, porque o que é correto depende do ponto de vista, depende do lado que se está, se for o lado beneficiado, então está correto.
Naõ há importância em ser justo, alias justiça é uma questão de poder, se você pode, você decide e quem decide manda e quem manda está correto, sempre. E obedece quem tem juízo.
A pobreza é para os fracos, os escravos servirão .... Sempre. É assim, fazer o que! E para isso eu preciso de resignação porque estou bem nessa categoria.
Mas em um breve momento de heresia pensei também que os deuses devem estar loucos, ou nós os mortais é que estamos, mais não importa o que é verdade  nisso,  já  o santo Fernando Pessoa profetizou.  “Acima da verdade estão os deuses....  “
E não se fala mais nisso!
E imediatamente respondo o código do acesso divino já programado na minha essência desde o inicio dos tempos
-Que Assim Seja! Amem!

ROUBARAM MEU CARRO


 
É uma pena porque provavelmente essas  pessoas não tem mais opções na vida, uma pena que para elas essa seja a única forma de ganho e de prosperidade.

É  uma pena pensar que a motivação desses, seja a cobiça, diferente das nossas que nos faz abrir os olhos pela manha e levantar todos os dias, suas motivações são alimentadas com a força da inveja, do desejo  pelo que não lhes pertence.

Pena que o dinheiro seja a único motivo por que respiram, pena que seus valores possam ser contados e representados por números  que matematicamente  possuem dimensões exatas, tamanhos limitados, gêneros,  graus,  volumes e totalidades, equações que as suas somas são as nossas subtrações, mas se esquecem que  na vida ao contrário da matemática  só se multiplica quando se divide.

É  uma pena essas pessoas serem privadas das experiências que não tem preço, de tudo que nos melhora como seres humanos, não saberem que os bens mais preciosos na vida não tem valor, não se mede e excede  qualquer conceito ou unidade de grandeza.

É  uma pena porque eles perguntam para que serve a honestidade, o trabalho com toda a sua força de superação, o amor que é a essência de Deus, o respeito pelo próximo, direito, deveres, família... Como alguém pode na vida perguntar para que serve tudo isso? Se a vida nos presenteia a toda hora com tudo o que é inalcançável humanamente.

É uma pena saber que a única forma de ganho para essas pessoas é assim, que a incapacidade humana e intelectual é tão medíocre e se torna  tudo o que podem chamar de seu patrimônio durável. Que pena que a capacidade não se compra, seria tão mais fácil! Para se obter capacidade é preciso deseja-la,  e muito!!  E tudo o que desejam  são tesouros imundos que para acha-los é necessário desenterrar muita lama, lixo e ossos e ainda quando encontram estão sujos de sangue,  usufruem mas não podem mostrar porque além de tudo cheira mal. Seus horizontes estão limitados a próxima fechadura que iram arrombar.

O dinheiro escraviza  a quem sorri para ele, e é cruel para quem arregala os dentes,o amor pelo dinheiro  é amargo para quem o tem  como guia, o trabalho mesmo o mais simples de todos liberta e  não se comparara  a nenhum bem palpável, Tire o trabalho de um homem de bem e você estará tirando a sua dignidade, as pessoas não querem ganhar coisas o tempo todo, querem poder escolhe-las, quando podemos escolher significa que somos livres. E é para isso que também se trabalha! Para o exercício da nossa liberdade. 

Para essas pessoas a evolução está estagnada, enferrujada e graças a todas as forças do bem essa realidade é oposta para mim e para todos os meus, todos os que me são queridos possuem a força do trabalho que nos levanta todos os dias e nos faz andar sempre em frente e com cabeça erguida, a prosperidade é só um fruto, o menos importante do trabalho, e só entende quem passa pela vida desejando mais do que ter; O segredo está em ser!

É uma pena daquelas que se passa a vida toda lamentando e se soubessem  disso rasgariam as próprias roupas e sairiam gritando desesperados sem rumo.
Mas nem tudo é pena, tem algo a que não me lamento:
De ser a vítima nesse caso!!
Alias, ser vítima nesse caso é o melhor lado da moeda, um privilégio da vida, um privilégio as avessas, mais só poucos entendem.
Mas todo o resto, realmente é uma pena!!!




A CIDADE E O CRACK

2010



A quase um ano na região da "Cracolândia", tive o desprazer de andar em uma viatura policial, numa busca (frustrada) por um celular que havia sido arrancado de mim com uma faca enferrujada em um farol.
Esse passeio me colocou frente a uma realidade que só conhecia pela TV, crianças, velhos, jovens e adultos vagando feito zumbis, aglomerações de gente que se dissipava feito nuvem de gafanhotos à medida que o carro da policia se aproximava
Vi, (porque saber eu já sabia) que o Crack não escolhe idade e nem classe social e o furto do celular pra mim passou a ser uma chateação e não um problema.
Isso tudo pra dizer que hoje ouvi no rádio sobre um evento curioso da VIRADA CULTURAL QUE ACONTECE EM SÃO PAULO TODOS OS ANOS e me surpreendi.
Seria feito, um passeio noturno com lanternas, na região da Cracolândia!!!!!

Pois é, eu também me assustei e pensei " é claro que aquelas pessoas que vi não estarão lá, a prefeitura se encarregará de retirá-las"
Aquela região é a vergonha da cidade, talvez nosso maior exemplo de incivilidade, de degradação urbana e humana.
Mas por outro lado:
Porque isso deve ser escondido? Porque nós é que temos que nos prender nas casas e de preferência em condomínios fechados, intimidados pela violência moral e urbana. Se olharmos por esse lado seria uma ótima oportunidade para a população dizer que: Quer sim andar nas ruas (em qualquer uma) que esse tipo de degradação fere nosso direito de ir e vir.
Quem sabe também não é uma ótima oportunidade mesmo que de forma emblemática ou inocente de levar luz aquele lugar, uma oportunidade de apropriação do espaço por mais caótico que seja.
Quem sabe nossos governantes, principalmente os municipais, mesmo que em um breve momento de lucidez percebam que existe muita gente ( já que gente é sinônimo de votos na cabecinha deles) e mais do que eles pensam interessados nessa revitalização.
O que acontece naquele lugar é imoral, não só pelo Crack, mas porque ali existe uma ordem invisível de proibido passar.
Sei que estamos diante de algo muito mais complexo do que o projeto de um edifício, e que o universo urbano se estende muito além até mesmo do que o "urbanismo" consegue alcançar. Mas pelo menos como arquitetos e Urbanistas somos chamados ora ou outra a assumir nossos papeis ou pelo menos pensar neles...
São iniciativas como essa que trazem um pouco de luz e lucidez  (mesmo que de lanternas) para a nossa falta de esperança.


"O inferno dos vivos não é algo que será; se existe, é aquele que já está aqui, o inferno no qual vivemos todos os dias, que formamos estando juntos. Existem duas maneiras de não sofrer. A primeira é fácil para a maioria das pessoas: aceitar o inferno e tornar-se parte deste até o ponto de deixar de percebê-lo. A segunda é arriscada e exige atenção e aprendizagem continuada: tentar saber reconhecer quem e o que, no meio do inferno, não é inferno, e preservá-lo e abrir espaço"

                                                                                                                                                      Italo Calvino em Cidades Invisíveis

Pensemos nisso!