Em um dos meus aniversários ganhei um livro com o seguinte título:
“Eu era uma ótima mãe antes de ter filhos”
Me diverti muito só com o título, ainda não conseguir ler por um motivo muito óbvio que tem a ver com a parte do titulo “ ter filhos”.
Sem precisar fazer nenhum curso já aprendi que:
Mãe é sinônimo de culpa, não sei que raio de culpa é essa que gruda na gente, um peso que fica preso aqui dentro, a sensação de que não estou fazendo o suficiente, de que não atendo as expectativas, de que dou muito menos do que devia , de que a educação e a atenção tinha que ser melhor, e a lista de auto cobrança continua interminável...
Penso que, toda essa culpa é só a consciência da minha limitação, da minha humanidade.
A maternidade não me trouxe o título da perfeição como esperava, achava que ao parir minhas filhas, desceria sobre mim uma luz divina, uma energia do tipo “Mãe Virgem Maria e pronto.
Pelo contrário, desceu sim, mas desceu o caos, desceu a confusão, as provas, os testes de paciência, as noites sem dormir, as febres, resfriados, cataporas, a casa de perna pro ar e a vida de pernas pro ar. A vida revirada!!
Aprendi a ser filha depois de ser mãe, sei quanto custa agora, optar, fazer escolhas não pensando mais em mim, deixar de ser, de fazer...
Eu erro bastante, mas do que na teoria admitiria, tentando acertar, e dos erros faço os degrauzinhos que subo carregando minhas crias no colo e apertando-as bem forte para não cairmos. Mas nos acertos a gente comemora dançando ou brincando, nessas horas deixo as crias soltas, livres.
A palavra desapego hoje tem seu peso e seu preço.
Desapego sim!!! De tudo que eu posso viver sem, depois de ser mãe essa lista aumentou bastante, estou quase um monge tibetano, livre de tudo que é quinquilharia, mas nessa lista com certeza não estão as minhas filhas. O meu desapego é só material!!
Nunca fui chegada em animal de estimação, talvez por medo da responsabilidade, de responder por outra vida alem da minha. E no entanto, ao olhar para cada uma das minhas pequenas pela primeira vez, senti uma enorme gratidão pela vida e por aquelas vidas, mesmo com as pernas bambas de tanto medo da responsabilidade.
A maternidade me tornou uma pessoa melhor, não na aparência, óbvio!!! Ganhei alguns fios brancos na cabeça, alguns quilos, umas estrias também...
Mas me sinto melhor, hoje eu desejo pessoas e um mundo melhor, hoje eu tenho uma fobia que um monte de gente se diverte com isso, “o medo do fim do mundo”, e tenho medo de morrer...
Todos os clichês viram verdades morais ou cotidianas.
Ser mãe, é sim padecer no paraíso, uma mistura de inferno e céu, o inferno é não ter o poder de ocupar o lugar dos filhos na hora do sofrimento e o céu é tudo que compensa o inferno, tudo que os tornam felizes.
Ser mãe é isso, nada fácil, nem para os filhos, nem para eu mesma, e apesar dos livros, e das técnicas, os filhos são entregues sem o manual de instrução (acreditem!). Pode descarregar uma biblioteca inteira, não tem!
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