quarta-feira, 8 de maio de 2013

GAME OVER





Li hoje, pela manhã em um jornal, sobre   um game novo disponível na internet, a proposta é levar o jogador para o futuro, mais exatamente para 2041 no Rio de Janeiro. 
O jogo se chama FavelaWars.
Essa idéia surge depois do criador enfrentar um arrastão na linha vermelha, na zona Norte do Rio de Janeiro.
No futuro virtual, o criador propõe um cenário de guerra nas  favelas, que hoje na realidade  se encontram pacificadas, nesse cenário virtual, as favelas estão dominadas pelo tráfico e jogador poderá escolher entre ser  policia ou traficante.
 
Os desenhos são conhecidos até por serem muito reais, também crédito do criador; Santa Marta, Rocinha, Cidade de Deus...
                                           
Diz a mídia que, foram feitas as devidas pesquisas para fantasiar como estariam essas comunidades em 2041.
 
Para os pessimistas, talvez não seja difícil imaginar que daqui a uns 30 anos, a situação esteja pior mesmo.
 
Já vi jogos que remetem o jogador para outras guerras,  Medievais, I e II Guerras Mundiais,  mar Negro, lendários soldados de Esparta.... Para mim em todas essas situações, temos um exemplo claro do fascínio que temos pelas desgraças do passado e mais interessante ainda, nesse caso do Rio de Janeiro, o fascínio que temos, quando  a desgraça é anunciada para o futuro.
 
Alguns especialistas defendem que o jogo não acentua o preconceito ao mostrar para o mundo as comunidades do Rio, porque a mídia já mostra isso o tempo todo. Concordo!
 
A mídia também mostra a violência todos os dias, que é tão real quanto as favelas do Rio.

Na TV somos expectadores passivos, não estamos interagindo com a violência real, na melhor das situações, estamos recebendo a informação e formando uma analise critica dos fatos.
Mas na "Realidade", lá no meio da guerra de verdade, tem gente de verdade, gente que trabalha de verdade, estuda de verdade e morre de verdade.
 
Enquanto no cinema, na arte, na literatura, assistimos a violência também, como proposta de reflexão e por isso fica mais fácil aceitamos a violência diante dos nossos olhos .  

Mas a diferença é que na arte,  elaboramos os discursos através das reflexões propostas, da crítica. No jogo não,  se interage com a violência,  se participa dela, no jogo se aperta o gatilho, seja você a policia ou o bandido. E portanto é para mim um exercício claro de violência sim,  mesmo que virtual.
 
Não há reflexão como na arte, a proposta não é essa para os games.

Quando leio um especialista em sociologia, falando sobre os games e  dizendo que a sociedade tem que saber lidar com a violência, fico pensando; De que forma aprendo isso?
 
Lidar com a violência seria colocar um adolescente em plena fase caracterizada por alterações em diversos níveis, físico, mental e social, para apertar um gatilho virtual?
 
Pelo que eu sei , muitas pessoas concordam não ser correto  comprar armas de brinquedos  para as crianças e  ainda incentivar  a banalização da violência de forma lúdica
 
Estamos mortos!!!  Porque essa logica que expresso aqui, parece não ser a lógica do mercado, pois  nossos jovens "modernos" consomem cada vez mais  brinquedinhos virtuais politicamente e humanamente incorretos.

Desconfio que  eu (adulta) já consego lidar com a violência, aquela que não posso evitar, quando assisto e leio desgraça todos os dias na mídia, é tanta repetição dos fatos, tanto do mesmo, que as vezes  não me importo. Ser a expectadora é o lado fácil, sem interagir, no meio de tanta desgraça já me trás uma frieza ao espírito que me assusta, ignoro o absurdo. E as vezes me assusto comigo.

Talvez seja uma forma de lidar...

Sem querer julgar, porque sei que existem casos de doenças mentais sérias,  fico aqui pensando com os meus botões:
Se aquele jovem que entrou em um  cinema nos EUA, durante a exibição de um filme do Batman "O Cavaleiro das Trevas "  e matou não sei quantas pessoas e depois foi achado em um estacionamento com a máscara do Coringa, não pensou naquele momento estar em um  game  e ser descoberto pela polícia seria apenas um GAME OVER em letras piscantes  e  brilhantes.
 
Pessimismo nada!! Pode ser que estejamos piores mesmo. Quem faz o jogo conhece a realidade e  o mercado.
E se vende é porque aquela regrinha da  demanda, procura e oferta  vale até para a desgraça anunciada lá em 2041.

Um comentário:

  1. estamos na era da loucura ... aliás, nunca conseguimos evoluir e sair dela (só disfarçamos um pouco ali, um pouco aqui ...), mas sempre fomos bárbaros (no mau sentido) ... evoluímos tecnologicamente (comunicações, armamentos, tele-visão - na verdadeira acepção conceitual, do grego tele - longe e do latim visione - visão - tudo virou tele-visionável - de guerras, atentados a assassinatos). Culpa da mídia?! os cambaus!!! ... a mídia é só instrumento ... o difícil é convencer o público de que desgraça televisiva não presta ... que a realidade cruel chegará à sua porta mais cedo ou mais tarde ... "faz de conta que é só na TV" ... pessimismo né?! então tá bom ... ficamos assim.

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