Falo com as mãos, ou não falo, mas as mãos continuam a dar a explicação como se tivessem vida própria.
Interrompo a fala, com a ansiedade de um vulcão, preste a entrar em erupção.
Sinto de verdade a aflição de quem chora, e pergunto exaustivamente porque, na tentativa de aliviar, talvez a minha dor.
Essa sensibilidade exagerada (ou falta dela), faz com que eu fale demais. A sensibilidade faz com que eu não esqueça de uma frase maldita.
A sensibilidade me atrapalha quando eu vejo sem ver...
Traço as minhas conjecturas, traços as minhas lógicas, minhas explicações inclusive para o que não se explica.
Sou hiperativa, sem a menor frescura...
Raciocino diferente, tenho outras lógicas, trago conflitos dentro de mim.
Falo absurdos (segundo algumas pessoas) e faço críticas severas como se estivesse recitando uma poesia, ou dando um diagnostico fatal, sem a mínima expressão de qualquer coisa.
Nada me incomoda, tenho o vírus do “ Normal Pra Tudo” só não para o que é injusto e para o que doí, fora isso, tudo é normal. É só uma questão de justificativa.
Tenho alma de artista, no pior sentido da expressão, porque sou visceral quando deveria
ser calma e contida. Teatral quando deveria ser uma dama altiva.
È nessa parte que sou mal compreendida, na maioria das vezes incomodo, mesmo sem querer, porque ser assim, faz barulho pra caramba.
Aceito a tarja do desenquadramento social, a maturidade me trouxe o beneficio do “dane-se”.
Aliás, dessa parte eu gosto, porque é nesse lugar que consigo questionar o que é regra imposta. O que manipula e o que liberta. Para questionar é preciso ser livre. Na arte é possível, e é nela que a crítica se manifesta, choca, comove, ou alegra.
Eu choro de rir (na maioria das vezes )
Rio quando tenho que chorar, (em situações limites)
Choro e dou risada ao mesmo tempo, (quando não consigo explicar o que sinto)
Sou capaz de largar qualquer obrigação por um sorvete na esquina, um café na rua ou um passeio sem destino. TDH sem a menor frescura....
Garanto que vale a pena viver, sempre! As vezes de forma inocente.
Dou provas, argumentos de que tudo vale a pena, sou capaz de desenvolver uma tese de doutorado sobre a ânsia que temos da vida.
E me convenço ainda mais quando vejo alguém com bastante idade vivendo, viajando, estudando, namorando....
Sou atraída pelas cores como uma abelha por uma flor, as matizes chegam a me hipnotizar. As combinações inusitadas nas roupas fazem com que eu encare uma pessoa com tanta insistência até deixá-la constrangida. As vezes eu fico constrangida antes, acreditem!
Quero ser poeta, escritora, pintora, arquiteta e palhaça, tudo ao mesmo tempo.
Sou nostálgica de nascença e adoro voltar ao passado, nem que seja para dar uma espiada pela brecha do que já foi.
Minha vida é dia, nunca noite, eu tropeço nas pernas depois das dez e as vezes sem horário definido, também caio parada.
Sou capaz de traçar uma perspectiva , mas incapaz de amarrar os tênis sem dificuldade.
Essa ambigüidade me faz ser generosa e egoísta, presente e autista ao mesmo tempo, quero ajudar e invadir.
Sou obvia, amaldiçoou o mal e abençoou o bem, e quando isso não basta na minha consciência, vou lá e faço eu mesma. Passo de trator pelas opiniões, e chateio muita gente.
Pago caro pela intensidade, pela falta de paciência. Invado espaços que não são meus.
Sou lutadora, guerreira, inconstante e insatisfeita. Hiperativa sem a menor frescura. Reajo a menor provocação e não tenho um pingo de educação com a falta de educação.
Tenho os meus portos, onde descanso, para não surtar, para depois mais tarde começar tudo outra vez, os portos são os mesmos, apesar dos destinos diferentes.
Estou de viagem, com a mochila nas costas, pronta para ir, mesmo quando quero ficar.
Ignoro, abstraio e irrito.
Entro em um livro e desconsidero tudo que está em volta, paro de ler para respirar, ou para chorar.
O meu silêncio é confundido com desprezo, e sei que magôo porque silencio quando deveria falar.Não é por mal. Fico presa em mim.
E se sou invasiva quando deveria recuar ou calar, é só a minha maneira de entender, de assimilar, sentir junto, de insistir no outro...
Na verdade é só a louca hiperativa, palhaça, maluca, sem filtro, tentando, assoviar, chupar cana em uma perna de pau.
Como em outro dia, em uma brincadeira com a minhas filhas, em que tentava andar em uma perna de pau de meio metro de altura, sem a mínima habilidade, mas insistindo dizendo a mim mesma
“ Não Desista"
E se eu não desisto nem de uma perna de pau,
Imagina então de pessoas?!
E se tiver o mesmo sangue correndo na Artéria ...Então....
Juliana, minhas desculpas sinceras para os seus limites!!
Mas você precisa me amar mesmo com os meus defeitos!!!!