sexta-feira, 26 de abril de 2013

LUGAR COMUM





LUGAR COMUM



Entrei pela porta.
Cá estou eu.
No mesmo lugar, onde jurei não voltar mais.
Saí daqui no escuro e no frio.
Mas agora está claro e quente, mas ainda é o mesmo lugar.

No claro ou no escuro a percepção é a mesma,
Ou melhor, a falta dela é a mesma.

Aqui no claro a claridade é tanta que ofusca, cega a visão do que tem aqui. E tem hora que tudo vira sombra do que esta lá fora.
Mas lembro que a pouco, lá fora no escuro absoluto, o excesso de visão era tão grande  que dava pra ver a alma.

Ao menos o vazio no estomago é o mesmo, para dentro e para fora.
Mas dentro,  respiro mais e melhor e mais fundo. Porque o ar aqui é quente, na medida que conforta.

Tudo está fora do lugar quando estou nesse lugar.
E tudo vai para seu devido lugar quando saio desse lugar. Fecho as portas. Sempre!! Tenho esse cuidado, mas quando olho de novo as portas estão abertas, e as gavetas escancaradas. Volto para cá, sem entender quem abriu as portas; Tenho problemas com chaves, sempre as perco.

Sento na cadeira confortável do meu inconsciente, e logo sinto a inocência de quem deseja brincar com um animal selvagem o assombro de quem chega e encontra tudo aberto e revirado, e a segurança de quem tem muito, muito poder.

Mas cá estou, me sentindo em casa, entrei pela porta da frente, do mesmo lugar que abandonei amaldiçoando e desejando ser engolido pela poeira.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

RESPOSTA ABERTA A CERCA DA LOUCURA




Eu escrevo a muito tempo, sem a pretensão de estar correto ou não, não sou escritora é apenas uma válvula de escape, tenho agendas escritas diariamente, com historias reais, algumas fantásticas outras tristes, curiosas e a maioria apenas cotidianas, tenho cartas que expressavam tudo o que eu não consigo falar, cartas que organizavam meus sentimentos e trabalhavam  minha aceitação diante de fatos que não consigo mudar, tenho declarações das mais absurdas imagináveis, enfim, escrever me faz bem, traz para o papel aquilo que meu consciente  não tem tempo de filtrar, é dessa forma que depois me entendo melhor, mas do que eu poderia conscientemente fazer por mim mesma.

Como escrever me ajuda a organizar os pensamentos e eu preciso exercitar isso constantemente se não, fica impossível (pelo menos para mim) viver, uso também o artifício  para  me acalmar, é uma das poucas horas que, pasmem!! Consigo ficar sem falar, escrever me faz aceitar o meio jeito de ser, já que sou a pessoa mais penalizada por mim mesma.

Acho que Isso responde a primeira pergunta.

Agora respondendo a segunda questão:

O porque escrevo ultimamente sobre a loucura, não só a minha mais  a dos outros, esclareço que não é nenhuma tentativa de explicar nada, não tenho pretensão e nem competência para isso. Escrever  sobre a loucura do cotidiano é uma forma de rir  e rir é um   remédio paliativo para o mal em si (que no meu caso) não tem cura (ainda bem!!)

Escrevo acerca da loucura porque  já aceitei que a razão implacável não existe, o mundo já sofreu tanto com isso, pagamos as contas até hoje das verdades absolutas.

Aceitei que toda razão é passível de mudança, toda verdade só é verdade até que alguém prove o contrário, e se tudo passa por revisões  e somos obrigados as revermos nossas verdades de tempos em tempos , posso  concluir como postura de vida que as verdades e  a razão que não se transformam quando necessárias  são vaidades e cegueira.

Então é bom se acostumar, assim como eu, com a própria maluquice!

E registrar maluquices não é tão novidade assim; Quem já não riu de si mesmo? Todo mundo já  fez coisas que não tem coragem de contar até que alguma outra pessoa admite que também  já fez  e pronto: vem  a sensação de normalidade, sim normalidade, porque se algo que parece estranho for praticado por muita gente, passa a ser comum, vai  para a categoria de normal.

Tirar algo da  lista do inusitado e passar para a lista  de costumes é enquadrar, normalizar. Toda ideia nova parece loucura até  que se acostume com ela...

Mas os loucos são os que se  libertam de qualquer pensamento julgador ou será isso o principio da sabedoria?  Viuuuuuuuuu?????  Como não é fácil saber qual a direção certa!!!!

Ninguém sabe quem é o sábio e o louco ou se os dois coabitam o mesmo espaço ou se um dá licença para o outro ou se eles se esmurram...

Então dessa forma peço licença, sem ofender ninguém para continuar a escrever sobre isso. Sem ofender os loucos  os sábios os poetas, os românticos, os inventores os cientistas os artistas os lunáticos  os aventureiros os sonhadores os gênios os psicólogos os médicos; Afinal de médico e louco... Os loucos somos nós!.

E DEPOIS A MALUCA SOU EU




O vigia que trabalha na minha rua outro dia deve ter achado que eu  estava com algum problema,  voltei simplesmente três vezes para buscar coisas que havia esquecido, na terceira vez nem eu acreditava que estava fazendo aquilo, uma coisa me lembrava a outra... Ia até a esquina com o carro e retornava de volta para a porta da minha casa. Ele não entendeu nada, mas também não perguntou...

Já estou acostumada com o rótulo de maluca, mas depois de perder quatro cartões de banco, documentos, carteira de motorista e todas as chaves que já tive na vida, inclusive as da minha própria casa, resolvi procurar um médico e pedir socorro, afinal meus esquecimentos não estavam normais.

Marquei com um psiquiatra, cheguei no consultório apreensiva para resolver o problema, enfim ficaria livre de todos esses inconvenientes, passei pela recepcionista e achei que ela falava além da conta, ali na sala de espera  tinha de tudo, uma moça que também não parava de falar, outra que ria de uma forma engraçada, um senhor com um “tic” nervoso muito esquisito e eu. Talvez se eu não estivesse no psiquiatra não repararia em nada disso.

O médico me chamou, sentei em um sofá confortável de frente pra ele e logo foi fazendo as seguintes perguntas:

-Você está triste, sem ânimo ou chora com facilidade?

Respondi que não e ele ficou ali me olhando esperando a explicação para estar ali e durante a conversa ele só me chamava  de Patrícia, (sei lá quem era a Patrícia que ele chamava, mas sei que não era eu!! ). Conclui que o médico estava pior que eu, fui embora decepcionada e depois de outras tentativas e todos os exames feitos, eis o diagnóstico, estou fisiologicamente normal, e tudo isso é resultado do estresse do acúmulo de informação e  dos tempos modernos.... E continuo sem  respostas convincentes  que me definam.
Então resolvi  eu  definir meu estado de  loucura dentro da normalidade aceitável (embora nem sempre) e  como ninguém gosta de receber um diagnostico constatado de loucura, fico aliviada e contente com  a loucura como opção,  postura de vida e quero distancia da  patologia.

A partir disso em  conversas  com alguns amigos comecei a me sentir um pouco mais  normal, por constatar que não sou a única  desenquadrada do conceito.  Aliás, estou me sentindo bem normal ultimamente!

Uma amiga ao sair do seu apartamento, chiquérrima de  “tayer” salto alto e meia calça, observou que as pessoas no elevador mal davam bom dia e  olhavam pra ela  de uma  forma desconfiada, quando chegou no estacionamento do prédio  e  sentou no banco do seu carro  se assustou com algo grudado na sua blusa mais ou menos na altura do pescoço. Era um “soutien” pendurado. Nova moda para o uso de cachecol.

Essa aí pode dar a mão para outra que se vestiu para o trabalho e saiu, no meio do trajeto  a constatação! Tinha esquecido a  calcinha!!! Como não dava tempo de voltar, precisou comprar uma no caminho. Essa desculpa não pegaria bem para o atraso.

Outra amiga ao sair  do shopping dentro do carro começou desesperadamente  a procurar o  Ticket para abrir a cancela de saída do estacionamento e  não achava de jeito nenhum, revirou a bolsa, jogou tudo o que tinha dentro no banco do passageiro, começou a suar frio com todos  aqueles carros impacientes buzinando atrás dela, já  pensando na explicação que daria ao segurança, e aliviada porque ao menos os documentos que comprovavam que o carro era seu estavam lá, chamou o segurança.

O segurança se aproximou do vidro e perguntou se ela estava passando bem, quando ela contou que não achava o bilhete, foi  informada pelo segurança  que ela já havia passado a cancela e que ela mesma tinha acabado de introduzir o bilhete na máquina.  (!!) Eu também não entendi nada! Mas ri bastante com à historia!

Outro amigo diz que  precisa repetir todo dia um ritual antes de sair casa, ele se senta em uma mesa, pega um papel e uma caneta e começa a escrever tudo o que precisa levar e em seguida confere se as coisas estão lá, chaves, carteira, celular, óculos... Ele diz que se sente um pouco estupido fazendo isso todo dia, mas se não fizer sempre acaba esquecendo algo.

E depois a maluca sou eu!! Posso até ser, mas felizmente não estou sozinha.   “Ninguém é tão louco que não possa encontrar outro louco que o entenda”.   Mas verdade mesmo é que os iguais se atraem. E isso ninguém diz que é loucura!




SEM FINAL FELIZ...


 

Certa vez uma amiga inconformada não entendia porque nenhum dos seus relacionamentos vingavam, as pessoas desistiam dela antes mesmo de terem a oportunidade de  conhecê-la melhor.

Aparentemente era injusto,  pois se tratava de uma mulher pra lá de interessante, bem sucedida, viajada, independente,  não tinha explicação imediata.

E eu, nada delicada, eleita pelos meus amigos e em casos mais bizarros até por estranhos, porta voz das verdades sem filtro social, estava lá de analista, mesmo não tendo a mínima noção técnica do assunto,  só estava lá consolando a criatura injustiçada, colecionadora de historias previsíveis sem final feliz, até eu mesma não agüentar mais.

E de tantas vezes que escutava a coitadinha comecei a perceber, primeiro intuitivamente, depois prestando atenção no seu comportamento  também em relação a mim e a nossa amizade, que:  As vitimas requerem uma atenção imensurável dos outros, as suas carências são monstros famintos sugadores de energia. Lembra da historia da porta voz sem filtro social, pois é! Acabei falando sem saber se ajudava ou não.

Carentes de afeto todos somos! Afinal vivemos em um mundo cada vez mais egoísta, egocêntrico; Mas é preciso gostar também da própria companhia , em situações em que não temos nada nem ninguém, a nossa presença deve ser suficiente para alimentar nosso espírito. Ao contrario, o que nos motiva sempre estará na mão de alguém, de decisões alheias.  Não é justo e nem certo não ser o dono da própria historia.

Não é fácil eu sei, aí está o desafio, que não é só teórico, para isso é preciso crescer em espírito.  Dá um trabalho!! E mais, evoluir nos sentimentos e também nas expectativas que criamos, desejar menos, simplificar as relações, projetar menos no outro e no final cobrar menos e dar mais sem calcular quem perde ou ganha. Quem se habilita? Quem? Quem?

Menos expectativas significa não comparar as trocas,  não mensurar  ou barganhar sentimentos, se eu dou algo a alguém, tem que ser principalmente porque essa ação me faz feliz, receber em troca faz  parte da expectativa, somos humanos é claro, mas quando essa expectativa vem acompanhada de ego  de vaidade e apego, se torna cobrança.

As trocas devem ser prazerosas principalmente para quem dá, e não condição sine qua non para receber.

Outra coisa é a presença imposta,  incomoda de verdade, sufoca. Parece obvio, mas se pararmos pra pensar que hoje as pessoas se fazem  presentes o tempo todo, no celular, no MSN, no email e por ai vai...
Dizer o tempo todo o que pensamos e sentimos é no mínimo opressor para quem tem que ouvir.

Estar perto a qualquer custo, manipular situações, por achar que só a amizade e o amor não bastam, ter o tempo a alma e o sangue do outro, fazer conjecturas, perguntas o tempo todo, só para saber se uma historia ou explicação é verdadeira.

Tudo isso pode ser valido dependendo da situação, mas repetir esse comportamento como marca registrada da personalidade é deixar qualquer um maluco.

Não consigo deixar de associar esses comportamentos a uma criança grudada na perna da mãe e em algumas situações arrastadas nessa posição,  mas usar esse artifício depois de adulto para segurar o que se ama é de afastar qualquer um para o Tibet. E as pessoas não são a mamãe!!!!!

A vontade de controlar afasta de nós aquilo que mais amamos é como um desejo as avessas, que ao invés de aproximar, penaliza e no final se perde.

Os pactos nos relacionamentos devem ter clausulas escritas na linguagem do coração, nem tudo é pingo nos “is” A vida não é um contrato e pessoas não são propriedades, pessoas são diferentes de coisas, sei que é uma afirmação ingênua, mas muita gente não pensa assim.

É só prestar atenção, os “coitados” criam padrões  repetitivos de erros por acharem que estão certos, e são injustiçados, enquanto existirem vitimas sempre haverá o opressor, só que nesse caso o  suposto opressor no final do filme é:  Surpresa!!! É o mocinho, que corre da vitima (que não é tão coitada assim) feito um esquilo assustado com crise de asma. Quase uma tragicomédia!!

Eis o motivo porque não sou terapeuta, acho que um analista jamais diria a verdade dessa forma, nem para o paciente, nem para a amiga,  seria bem capaz de piorar o caso e criar um desastre, ou para ser menos cruel, uma crise convulsiva de choro e uma enorme vontade de nascer de novo.

E por não ter a licença técnica para tratar o assunto, prefiro assim;  Antes uma verdade desaforada do que uma mentira sincera.




VALENTINA


O arquiteto entrou em uma " sinplice grafico di piccole dimensioni" em Milão e estava com a atenção naquilo que precisava resolver, ao esperar no balcão, viu de longe uma imagem PB, parecido com um aplique na parede em tamanho real (1:1) tão perfeita como uma pintura, ao se aproximar percebeu que não se tratava de uma pintura ou aplique e sim de um desenho real e reconheceu: Valentina de Guido Grepax
Ao perguntar ao dono do estabelecimento quem o tinha desenhado, obteve a seguinte resposta:

- Ovvio!! Guido Grepax!!

O arquiteto perplexo com a naturalidade daquele homem, perguntou novamente e obteve a mesma resposta mais com um pequeno mas não menos importante acréscimo:

- Lui è mio amico!

E aquele Senhor começou a contar que o autor do desenho estava sempre lá, a imprimir seus trabalhos. E como se não bastasse, naturalmente abriu uma gaveta e retirou de lá, vários papeis amontoados como cartas que precisam ser guardadas e não mais lidas. Eram os desenhos...

O Arquiteto serenamente olhou, examinou todos os desenhos,   os devolveu , e por incrível que pareça,  se foi!

Aqueles mesmos desenhos amontoados na gaveta só poderiam ser vistos novamente por alguém com um olhar mais atento a dica que estava ali na parede e não só isso, precisaria chegar perto para perceber que se tratava de um original e ainda ser curioso e perguntar.

Definitivamente não poderia ser ninguém distraído, com presa ou com um " olhar viciado"
Isso é perceber  a essência da arte e do artista , é dessa forma que a arte se expressa e se manifesta, naturalmente, sem que ninguém a tente complicar, quem transforma a arte em LUXO é justamente quem a consome como mera mercadoria. E no entanto o próprio artista, portador de talento tão especifico, seria capaz de sentar no chão com você e comer uma mexerica!! 
É preciso simplicidade para as duas coisas!



VELHA BARBEIRA!!!


 
Era 9:30 quando ele acordou e a essa hora era para estar no trabalho a pelo menos uma hora e meia já sentado em sua mesa, levantou, esfregou os olhos e quando os abriu, estava sentado na sua cama. Lembrou da noite passada, não podia ter bebido e nem ter chegado tão tarde.
Quando enfim, já na rua, olhou para a vaga junto ao meio fio para estacionar o carro, avistou outro carro a frente, estacionado de forma estranha, na transversal, ocupando vaga de três carros, fato que para uma cidade grande em horário de pico seria inadmissível.
Com raiva daquelas que só se sente quando estamos cheios de razão e mal humorados, se permitiu xingar, gritar, buzinar e como nada disso adiantou, com um soco no volante e com a cabeça para fora do vidro gritou

-Só podia ser mulher!!!
Ele que não tinha fama de ser "politicamente correto", não hesitou e continuou buzinando.

Não era a toa que estava atrasado, no dia anterior tinha saído com uma garota, daquelas que na sua opinião não merecia mais que uma noite, talvez na opinião dela também ele não fosse digno de mais que isso. Se lembrou do motivo do atraso e disse resmungando:

Mais uma vez atrasado neste mês, e agora essa outra e ainda barbeira..."

Quando saiu do carro para saber porque aquela criatura estacionava daquele jeito bizarro, ao se apoiar na porta do carro, ouviu em forma de eco na sua cabeça:

- Moço, não estou passando bem, por favor me leva para o hospital.

Por causa da ressaca, e da noite mal dormida aquela frase entrou como uma agulha em seus ouvidos
E ele respondeu:

- Por favor senhora, isso é hora de passar mal, estou atrasado, quer fazer o favor de estacionar direito, a senhora está me atrasando mais!

E ela repetiu:

-Me leva.....E desmaiou

Agora as coisas realmente estavam ruins, não podiam ser piores, por um segundo ele desejou não estar lá, e mal ele sabia que esse desejo se estenderia por horas.
Entrou no carro empurrou a senhora para o banco ao lado, ficou ali, por alguns segundos pensando para onde a levaria, afinal não conhecia nenhum hospital por perto, mas mesmo assim disparou com o carro.
E a senhora desfalecida, morta, num instante abriu os olhos e sussurrou:

-Me leva para o Hospital Santa Cruz e se eu morrer, avisa a Márcia...

Suspirou, fechou os olhos e voltou a desmaiar...
Nessa hora ele gritou:

-PELAMORDEDEUS, NÃO MORRE NÃO!!! Não aqui, espera um pouco!!Eu lá sei quem é a Marcia...
E pensou porque estava lá, naquele lugar naquela hora. Colocou a mão no bolso quando se lembrou da carteira.

Gritou desesperadamente:

- MEU DEUS!! A carteira, ficou em casa, esqueci na pressa!!

Não podia prosseguir, com uma velha morta em um carro que não era seu e ainda sem carteira de habilitação e sem documentos, então mudou o rumo do hospital para seu apartamento.


Ao chegar em frente ao prédio, trancou o carro e subiu correndo.

Quando enfim, desceu com a carteira no bolso, havia uma aglomeração de pessoas em volta do carro olhando para a velhinha pálida, com os lábios roxos, com o rosto apoiado no vidro que escorria sua saliva.

E ele disse:

-Gente! Está tudo bem!!Tudo bem mesmo!!

Disparou para o Hospital, mas antes entrou por engano na rua da feira, na contra mão e em uma rua sem saída
Quando finalmente chegou entregou a velha para o médico, foi elogiado pela equipe, pois afinal ninguém "hoje em dia" faz mais isso..
Ele, de uma hora para outra se tornou o herói do dia, conhecido pelos corredores, como o bom rapaz
Quando aliviado por ter entregue a senhora, virou-se para o médico que caminhava na sua direção com um olhar fixo e sério, prestes a dar a fatídica noticia.
E disse:

- Bom, Doutor, preciso ir, estou mais que atrasado...

O médico com aquela serenidade e calma que chega a ser insultante disse:

- Não senhor! Você fica, o caso dela é gravíssimo trata-se de aneurisma!!! Ela precisa operar agora e você terá que assinar a autorização para a cirurgia e ficar com as coisas dela.

A sensação de desespero voltou nesse momento
E ele disse:

-Eu assinar! Eu nem a conheço!
- É isso ou ela morre garoto. Disse o Médico

Quando ele achou que mais nada aconteceria, o médico começou a despir a velhinha na sua frente, não havia tempo para protocolos e cerimonias e ele pensou que não viveria para ver uma cena daquelas
Ali no hospital, com uma pessoa que nem conhecia, atrasado e provavelmente na estatística dos desempregados, olhando em cima de uma mesa a nudez que não conhecia, a nudez senil que na sua descrição se resumia em um par de peitos parecidos com ovos estralados e alguns pelos pubianos brancos, espaçados e compridos, engoliu seco e detestou a frase: "Até que a morte os separe". Decidiu que não queria envelhecer com ninguém!

Depois de algumas horas recebeu a noticia do sucesso da cirurgia, com calma conseguiram localizar a família da senhora e avisa-los do ocorrido

Só não conseguiu melhorar a sua situação de atraso, mas agora, pelo menos tinha uma desculpa digna, politicamente correta...

Claro que no trabalho ninguém acreditou em uma historia tão mirabolante
Ainda no telefone seu chefe disse:

- Fala ai, pode contar, quem é a gostosinha que está com você ?

Percebeu a diferença entre ser bom e ser puro, ele sabia que não era puro, mas já considerava a idéia de ser bom...

A velhinha já recuperada depois de alguns meses, o presenteou e agradeceu, soube da historia completa, agora através da versão dele, pois havia ficado a maior parte do tempo desacordada.
Já podiam rir de tudo. Era como um sonho e ambos estavam acordados.

Mas presentes materiais não simbolizavam e muito menos compensam a gratidão e ela precisava de uma retribuição de igual valor e insistentemente passou a lhe enviar emails para tentar convertê-lo a sua religião, era como apresentar a salvação para ele que a havia salvado. Uma retribuição digna, vida por vida.
Depois de muitas tentativa, ela em um momento de iluminação com um sorriso percebeu que essa tentativa era uma grande ironia, foi invadida de um entendimento que antes não fazia o menor sentido


Ela não podia convertê-lo a nenhuma religião com o mínimo de princípios éticos
pois a lógica de tudo estava obviamente em ele não ter sido politicamente correto.
Entendeu que ao xingá-la de "velha barbeira" ele a achou e a socorreu...
E se não estivesse atrasado justamente por ser tão incorreto não teria passado por lá naquela hora... Era assim que devia ser.
E o último email que lhe enviou estava apenas escrito.

Nada e ninguém é por acaso!


TRATADO DA MENSTRUAÇÃO



Pense em  ter os hormônios loucos, ora em cima ora em baixa, e quando em baixa, literalmente  no pé, em sentido do chão, ao inferno, ao centro da terra, ao buraco do tatu, ao  útero da mãe ou a  qualquer outro buraco que não seja esse pelo qual a vingança  do útero cobra sua conta com sangue.

Fome, peso e moleza, nada tem a ver com uma lagarta que se arrasta no chão, salvo que a lagarta  apesar de também estar mole gorda e peluda, tem seu humor mais preservado.

E como se não bastasse a dor em alta e a auto-estima em baixa, as espinhas vem dar  um toque final ao trabalho da natureza e os gases, o ar da sua graça com um toque  especial a meleca da situação.

 A minha teoria é que essa parte dos gases teria sido algum mecanismo de preservação da espécie no passado, assim como a dos gambás, porque realmente ninguém fica muito tempo por perto. Hoje com os códigos de civilidade, já seria desnecessário, (eu acho) mais vai explicar isso para a mãe natureza, prima da Deusa da fertilidade.

 Essas duas inteligências da natureza, que também são mulheres, poderiam entender que dor de barriga, sangue jorrando do ventre  e  vontade de enfiar a cabeça em um travesseiro já é castigo suficiente para as mulheres que  nos dias férteis não fecundam o óvulo. Os gases são desnecessários!!!! Se matarmos alguém, a lei nos espera, poderíamos ao menos nos apresentar cheirosas.

 No auge do ciclo recebemos como por magia, cabelos e peles viçosas, cheiro  alquímico e atraente e uma leve sensação  de estarmos lindas, magras, confiantes e maravilhosas, mas  nas letrinhas minúsculas do contrato, o preço, caro, para quem usufruir disso tudo, sem prestar a conta da procriação.

Se não fosse pela maldita condição de igualdade, o que é um absurdo, pois igualdade seria se os homens menstruassem também, teríamos o direito de ficar dois dias em casa  para pagar essa conta, em posição ginecológica , peladas e de pernas pra cima, sem se importar com nada, já que os requisitos de beleza não são importante neste momento, antes disso é preciso sobreviver e não devorar ninguém.

Justo que por esses motivos as mulheres não conquistaram o mundo, pois reconheço, não agiriam com  coerência neste cargo,  decidiriam com o útero, que nesses dias tem vida e vontade própria, assim fica mais que justificado o fato de poderem decidir ser mães, ou melhor, sentir  os rebentos crescerem dentro de si que alias é uma recompensa a altura de tamanho sofrimento, sem contar os noves meses sem menstruação. E para as que optam por não ser, ao menos em vantagem, tem o direito de escolha, coisa que aos homens, coitados, nem isso... Inúteis!!!! Insensíveis!!!!  Morram!!!
Mas ao menos os chocolates misturados com as lágrimas poderiam não engordar...

Eis a prova pelo qual  a  balança da justiça não se equilibra. Não é justo chocolate engordar!!!

 Portanto, homens, ou seja lá quem ou o que estiver por perto
 Clemência !!!
 Passa!  A lenda diz que  viramos princesas de novo.


TODO MUNDO USA TERNO – PARTE II


 

Lembro a  alguns anos , em  um caixa eletrônico, uma ocasião em que meu cartão ficou preso na máquina, a pessoa que estava logo atrás de mim na fila, era um homem de aparência distinta, trajava um belo terno, bem cortado, era bonito mesmo usando óculos,  alto não de uma forma desengonçada mas tinha um porte elegante e  os cabelos claros. Se prontificou  a ajudar, disse com uma voz calma e macia que quando isso acontecia, era só digitar a senha e apertar a tecla “estrela” que automaticamente  a máquina devolvia o cartão.

Sei que parece muito obvio, mas no calor da situação, qualquer pessoa, inteligente, faz qualquer coisa para se ver livre de um inconveniente desses, eu atrasada para o trabalho, e o dinheiro do caixa era para comprar um lanche rápido,  não dava pra pensar em ir embora e deixar um cartão preso em caixa eletrônico no meio da rua.

Respirei fundo, pensei naquela frase chavão quando estamos no meio de uma desgraça ” porque essas coisas aconteciam comigo” e quando digitei a senha, a máquina não devolveu o cartão  (eu sei, foi uma atitude burra com  um resultado  previsível!)

O que fiz  em seguida continuou sendo burro, mas não mais previsível ,  digitei de novo, de novo e de novo e quando dei por mim estava espancando o  caixa eletrônico  com o salto do meu sapato até que um pedaço da máquina saiu na minha mão, junto com o cartão.

Estava ali a prova do crime, uma improvisação amadora que se eu tivesse com menos pressa ou menos atrasada percebia.
E  em uma atitude agora mais inteligente  quebre o cartão  em pedacinhos  ali mesmo.

Eu a  “ senhorita elegância zero”, descalça, desequilibrada, atrasada  e puta da vida porque agora  estava sem  o cartão, mas o moço atrás de mim, dentro do seu terno, assistia tudo na maior calma e com o máximo de jeito e educação se prontificou a ajudar.

Ele ficou tão comovido com a minha situação  que solidariamente me levou até a porta do metrô, porque afinal de contas podia ter alguém me observando, eu estava nervosa  e era perigoso...

Entrei no metrô, agradeci a gentileza, e achei uma pena ele não ter pedido meu telefone, me contentei em poder contar com gente educada e civilizada no mundo e também ser  jovem e bonita porque isso contribuía para despertar  boa vontade das pessoas e ... Ingênua!!   

Ele fazia parte do golpe ! Claro!! Era por isso que a máquina não devolvia o cartão quando eu digitava a senha, ele  é quem queria  a senha....

Dei sorte, quando quebrei o cartão, mas ele podia ter quebrado a minha cara.
Nesse dia aprendi duas coisas que me são úteis até hoje:

Em cidade Grande todo mundo usa terno e no mundo real são os príncipes que viram sapos!


TODO MUNDO USA TERNO- PARTE I


 

É engraçado como algumas  cidades  tem as suas próprias lógicas, aqui em São Paulo por exemplo todo mundo usa terno, isso é um hábito de cidade grande e cosmopolita, no interior acontece menos, as pessoas dão mais valor para o pé no chão, lá quando alguém está de terno, é por que tem casamento. Ou o individuo é o noivo ou é o juiz.

Desembargadores, promotores, juízes e advogados usam terno obrigatoriamente, delegados e políticos  nem sempre, motoristas particulares  usam terno e imaginem segurança patrimonial também. Será que alguém pergunta pra eles como é trabalhar no sol ou dirigir um carro o dia inteiro de terno?  Bancários, gerentes, vendedores e cachorrinhos de madames também usam terno.

Alguns religiosos também usam ternos, tá ai um explicação que nem eu  com a minha imaginação psicodélica consigo dar,  imagino que por  transmitir seriedade, confiabilidade ou que talvez  por que uma mensagem importante mereça uma vestimenta a altura (?)

E dentro dessa lógica de alguma forma as pessoas que morrem também  ficam  mais importantes, o individuo usou terno  uma vez na vida quando foi convencido do “felizes para sempre” e depois nunca mais, mas nessa hora  sempre aparece um terno, nem que seja emprestado.

Até hoje eu nunca vi um morto ser sepultado sem o bendito terno e acho válido  garantir, existem especulações sobre  o que se pode  encontrar no além tumulo, vai que a ocasião pede uma solenidade.  A gente  já nasce sujo e sem roupa, agora morrer assim, ninguém merece. Morto e mal vestido, ai já é demais!

Antes de qualquer coisa na vida, você precisa saber pra que exatamente quer um terno. Se você não quiser nem de brincadeira, tanto na vida quanto na morte e muito menos  no” até que a morte os separe”, mesmo assim você precisa saber por que um dia alguém vai te fazer usar um. Pode acreditar!

O terno masculino é o máximo do design e do bom gosto, da imagem que transmite competência,  até em  cidades  que no verão faz 40º  à  elegância  do terno ora ignora  ora justifica desmaios, queda de pressão arterial, desidratação, alucinações, desesperos  e suicídios,
O terno cobre o corpo com requinte, acompanha de forma perfeita a anatomia, dobra junto com às articulações, protege sem atrapalhar (é o que dizem)  e de quebra, impõe credibilidade, poder e autoridade. Vestimenta obrigatória para parecer importante, as pessoas reagem instantaneamente às aparências , e até certo ponto, isso se dá pela maneira como estão vestidas.

E tudo isso quer dizer também que  serve para enganar as pessoas...

Se considerarmos que o nosso exterior é o primeiro impacto, a primeira referência que os outros têm, até que se comece a falar. É justificável. Eu fico impressionadíssima diante de um terno bem cortado e bem preenchido.

Portanto se um bandido líder de alguma facção, um  gerente de banco oferecendo um produto rentabilíssimo, um religioso fanático  batendo em seu livro sagrado, seja ele qual for, um estelionatário aplicando um golpe, um psicopata  ou um politico que não é nada das opções anteriores  estiver de terno, é melhor sair correndo se você adora um terno como eu!!

Não dá pra saber se as pessoas que estão de terno deveriam usar camisas de força ou vice versa!!



QUAL É A SENHA?


 

Eu sei que é muito chato reclamar de tudo mas quem aguenta a quantidade de senhas que a gente precisa pra viver.  Já deve ter senha pra nascer porque pra morrer já tem, e ai do defunto que estiver  no lugar errado...na hora errada...

Tem as senhas para lembrar e as senhas para esperar, as senhas para lembrar são um suplício mental e as para esperar, um suplício físico, ambas requerem paciência.

Para lembrar tem às  senhas dos cartões de banco, senha para usar a internet do banco, senhas para usar o telefone do banco,  e para os bancos não pode ser a mesma senha para todos os serviços,  senha para sites que a gente vive precisando, receita federal, prefeitura, programa de milhagens, senha para email pessoal,  email coorporativo,   mas só  depois de digitar a senha para abrir o computador, senha para o facebook, twitter, senha para acessar a caixa postal do celular, senha para passar pela porta no trabalho e por aí vai.

Parece fácil lembrar das senhas, é só colocar a mesma para tudo! E é dessa forma que todo mundo começa, mas com o tempo as senhas expiram, vencem ou somos vítimas de algum vírus que nos obriga a mudar a senha , e assim elas vão se reproduzindo, antes tínhamos uma, agora são duas,  três... Sempre são variações do mesmo tema.

E quando a terceira senha não dá certo? Lá vamos nós de novo com o cartão bloqueado para o banco e pronto, lá vai à quarta senha.

No banco depois de pegar a senha de esperar, a atendente nos solicita a senha de lembrar e começa a Via Crusis,  digitar várias opções  que não tem mais nada a ver com algo familiar que dê para lembrar com facilidade.

A  atendente gentilmente informa que todas as opções escolhidas não são   aceitas por serem obvias demais ou por já terem sido usadas. Resultado: depois de 15 minutos ninguém lembra mais a senha nova que acabou de mudar. E volta pra fila com a senha de esperar.

E assim, viramos números, siglas que  mudam toda hora, sou dnadanis558,  dan861,  dany855,  P.Q.P_merda  ou sei lá o que... Minhas senhas já são quase  criptografias.

Diria até que  coelhos no cio não  se multiplicaram com a mesma velocidade,  cheguei ao ponto de precisar anotar, fazer uma árvore genealógica da ninhada e torcer para minha bolsa não ser roubada com a agenda dentro.

E por falar em roubar, é bom tomar cuidado porque se o  cartão de credito for roubado ou perdido  ao ligar para o  atendimento  24hs, você terá que pegar a senha de esperar, são 240  que chegaram antes na sua frente, depois de  ficar 30 minutos na fila esperando ser atendido a telefonista vai perguntar qual eram os 16 números do cartão e se você não souber na ponta da língua  o seu cartão não pode ser bloqueado naquele momento !

Não é a toa que tem gente por ai, surtando, enlouquecendo, sempre ouvi falar que  exercitar a memória era a melhor forma de não caducar , mas me parece o contrário, estou vendo gente nova cometer as mais absurdas barbaridades que nem a minha avó com 90 anos se atreve a fazer.

A tecnologia já  identifica as pessoas pela leitura das digitais, da palma da mão ou de outras características únicas que podem substituir o uso das senhas e por isso acho que a reclamação é justa, não precisamos desse sofrimento todo. Afinal a tecnologia não é para facilitar a vida também?

Enquanto esse tempo não chega o jeito é pegar a senha de esperar, ir para o final da fila e aguardar ela andar.

- Próximo por favor!!!!





PRESENTE NO PASSADO

Sempre ouvir dizer, na maioria das vezes em tom solene:
Não devemos olhar para trás, sempre em frente, adiante!!
Avante!! O exercito de Brancaleone precisa de você!!!

Mas "calma lá", não é bem assim. Isso não vale por exemplo quando estamos dirigindo. Por motivos óbvios, não dá pra olhar pra frente o tempo todo na vida.

Antes de "pegar o boi pelo chifre" e brigar com ele de igual pra igual, é necessário olhar para todos os lados, e principalmente para trás, pode ter um despenhadeiro bem ali, a um passo, e o boi não precisa te derrotar é só ele te empurrar um pouquinho.

Qual o problema de desejar "o tempo que não volta mais"? Qual o problema de olhar para trás? Eu diria que: É necessário, sempre! Porque assim como precisamos olhar para trás quando dirigimos um carro, também fazemos o mesmo para dirigir e nortear a vida no presente.

Se não fosse assim porque então as lembranças, as experiências e as memórias do que gostamos ou de quem gostamos permanecem vivas? Será que, se não fosse importante olhar para trás, teríamos a capacidade de sentir algo do passado como se fizesse parte do presente?

Pode estar lá o que se procura e se não estiver pelo menos entendemos as causas, a resposta de agora... é lá que colhemos o conforto para tudo o que não tem solução.

Então me dêem licença, porque eu quero sim o que ficou para trás, me arrependo sim do que não fiz, não quero olhar só para frente, não conheço o que esta por vir, só conheço o que já foi escrito na minha historia, e é pra lá que volto sempre!

A propósito por falar em dirigir, ontem no trânsito, parada a pelo menos uma hora sem sair do lugar, vi pelo retrovisor um Por-do-Sol como nunca antes, de uma cor incrível, alaranjada...digna de ser registrada por Matisse e explicada por Kandinsky... Parei de olhar para frente porque o "presente" do dia estava lá, para quem conseguiu olhar pra trás.


Leia mais em: http://www.webartigos.com/artigos/olhe-para-tras-e-siga-adiante/73199/#ixzz2OD3MoH5A

PÉROLAS DA INFÂNCIA


 
 Coisas incontroláveis
 Vem  a pequena, toda afoita e me entrega um brinquedo
-Toma mãe, segura aí !!
-Porque, o que aconteceu menina?
-É que eu não consigo parar de pular!

 A pergunta que não que calar:
-Mãe, porque eu não posso entrar na sua barriga de novo?

 Dialogo sobre educação alimentar:
-Filha, é impressionante, você só gosta de porcaria. Porque filha?
 E ela respondeu:
-Ninguém mandou você me dar hambúrguer quando eu estava na sua barriga!!

 Diálogo sobre regras de boas maneiras:
-Querida,  deu descarga?
-E ela aos gritos;
-Já descarguei mãe!!!!

 Higiene pessoal
-Vai para o chuveiro menina!!!
-Não quero, posso dormir assim?
-Assim como?
-Com o pé sujo
-Claro que não!!
-Tá bom, mas você é minha amiga?
-Só se você for tomar banho
 De repente um grito horroroso do banheiro
-Manheeeee!!!!
 Meu coração quase sai pela boca
 O que foi menina, caiu?
 Nãooo, eu te amoo!!!!!!!!!

Aula de biologia
-Mãe que bicho é esse?
-Um marimbondo
-Ele morde?
-Não, ele pica
-E dói
-Dói muito
-Quanto?  3 ?
- Dói mais do que quando eu carimbo a sua bunda com o chinelo!!!
 De repente uma grita pra outra assustada correndo;
 -Corre corre, ele tá vindo!!
 A pequena sem saber o que, pergunta; Quem?
- O Carimbondo!!!!

 Crise existencial
A pequena de repente se levanta do sofá, para na minha frente com uma cara de desapontamento e diz:
Mãe, eu sou diferente da minha irmã!!
Eu contendo o riso em respeito a sua crise existencial, respondi perguntando;
-Em que?
Ela bateu a mão varias vezes no topo da cabeça, como se estivesse achatando uma formiga e disse:
- Olha, olha, você  não esta vendo?
Colocou a mão no rosto da irmã e no dela e me mostrou de novo a diferença
E disse com o maior desapontamento:
-Ta vendo? Eu sou diferente!
Respondi:
-Que bom!! Você acha que eu pareço com seu pai?
Disse que não (lógico que eu sou mais bonita !!!)
Então continuei...
Todo mundo é diferente, até quem parece igual é diferente, pode acreditar.
E ela aliviada, enfiou a cara no meu ombro e me abraçou.

Escolhendo a profissão
O que você vai ser quando crescer Manu?
Dentista!
E você Bel?
Dentadura!!

O ROTEIRO E A CENA

22/03/12

Havia uma flor no meio do caminho, no meio do caminho havia uma flor... E antes que eu a percebesse, dois segundos antes, uma pessoa se abaixou e a pegou, dois segundos  antes daquela pessoa romper o  ponto de intersecção do nosso encontro de  caminhos anônimos cruzados.

Aquela pessoa  a quem não lembro mais a fisionomia, se escondia  atrás de um par de óculos escuros e grandes o que provavelmente ofuscou o brilho do vermelho da flor, ela aparentava o dobro da minha idade ao julgar pela cor de seus cabelos, sem me dirigir uma palavra sequer,  disse que: a minha idade não é tão pouca assim para ignorar uma flor, apesar da cor dos meus cabelos.

E apesar também do sol alucinante que  faz as pessoas andarem com o nariz recolhido em direção a testa e a respiração pesada, vi naquele rosto, uma expressão de agradecimento, uma pequena contração que sugeria um sorriso discreto no canto da boca quando a flor foi delicadamente arrancada do concreto e levada ao nariz,  ali de longe absolvida pela delicadeza da cena que se desenrolou na minha frente e em  frações de segundo, tentei imaginar um cheiro e não consegui...

Uma pessoa a que não lembro mais a fisionomia, de óculos de sol e cabelos brancos  se curvou e se abaixou, quase numa reverencia  para  recolher uma flor que estava no chão,  imperceptível  ao não ser por ser vermelha, ao menos para mim que estava sem óculos o que me sugere que a cor não era a mesma para nós duas, mais sendo vermelho em qualquer escala, tom e brilho é o mesmo,   o  que desperta os sentidos de sobrevivência de qualquer animal.

Uma cena pseudo-sentimental acrescido de romantismo, um momento em um tempo em que as pessoas não se abaixam nem para recolher moedas perdidas julgando que o valor ali  exposto no chão, não compensa o esforço  cervical desperdiçado.

Uma cena isolada do dia, em que aconteceram milhares de outras coisas mais importantes

Mas a mesma flor, no meio do caminho, ocupando o mesmo lugar das pedras que atrapalham, já morta, colhida ou arrancada e por isso sem nenhum valor, foi percebida , no meio do caminho como pedra para alguns,  cena para outros e para poucos  como um presente do dia.

Mas  deixando as pedras de lado, porque agora elas não importam muito, esclareço  por parte da flor que se ofereceu ,  elegantemente no meio de tantos olhares  levianos e que antes de secar com o sol quente ou ser pisada, (por pouco, por mim mesma!) emprestou seu último cheiro e sua ultima cor a quem passava que: O presente é digno  para aqueles que entendem que visível, perceptível e invisível é uma coisa só e podem ocupar sim o mesmo lugar no espaço, pelo menos pra que não enxerga só com os olhos e mesmo assim vê.

Fora isso é só uma cena mesmo concordo, com um roteiro romântico

O DINHEIRO DO LADRÃO



Existe uma expressão muito comum que não sei bem qual a origem, mas serve para quem circula por ai de "sobre aviso", com medo de ser assaltado.
"Andar com o dinheiro do ladrão"
Trata-se daqueles 10,00 ou 20,00 reais que devemos ter na carteira para que não aconteça algo pior. É um absurdo, mas um absurdo verdadeiro, é literalmente a moeda de troca da nossa própria segurança. Afinal 10,00 reais ou seja lá qual for o valor não se equipara a vida .

Mas essa expressão é velha, já ouvia isso da minha avó, o fato é, que os ladrões espertos levaram isso tão a sério que trataram de oficializar aquilo que era só uma ingenuidade de quem acreditava.
Explico:
Além desse dinheirinho extra disponível, também arcamos com outro tipo de reserva que também pode ter o mesmo nome popular "o dinheiro do ladrão". Mas que oficialmente chama-se de variável (C), vou explicar mais a frente.

Essa reserva ao contrario da primeira, não trás nenhuma relação benéfica de custo beneficio para quem paga. Nem tampouco alivia a consciência.

Esse outro tipo de "dinheiro do ladrão" que pagamos todos os dias sem perceber, está incluso, pasmem, nos nossos impostos.

Obvio!!?
Não, não é !!!

Se considerarmos que uma receita alta, justifica gastos altos, ok.
Mas gastos de que? Se não há excelência em nenhuma área institucional, escola, hospitais, segurança... e por ai vai a lista.

Exatamente 37% de todo o PIB é de impostos. Se considerarmos que todos os impostos Federais, Estaduais e Municipais já tenham em seus cálculos, a previsão em porcentagem para o "dinheiro do ladrão" como variável matemática, chegaremos na explicação do porque temos um dos maiores impostos do mundo. Ai a lógica aparece!

Haja dinheiro para as despesas! E Pizzas para tanto dinheiro!

A variável C, nome técnico para a Corrupção, não vai quebrar o país, isso seria um erro de cálculo primário dos especialistas, vai quebrar a nós, classe media que trabalha quatro meses do ano, para pagar aquilo que não recebemos em troca. O especialistas em contas só precisam nos manter classe média medíocre e nós não menos especialistas em contas, pois temos que fazer 1+1 virar 4....8...16, em uma progressão geométrica sem fim e sem lógica seguimos adiante pagando os credores e movimentando a máquina
Formiguinhas operarias, consumidoras contentes de quinquilharias, mas garantimos a variável C, somos importantes, afinal sem nós, ninguém viajaria levando a família toda, sem nós, ninguém poderia usar cartões coorporativos para tratamentos estéticos, almoços luxuosos e nem pagar alugueis para amantes, pé de meia em paraíso fiscal então, nem pensar!!

A pergunta que não quer calar é: Qual será essa porcentagem? Qual o número?

Queria ter o direito (matemático) de subtrair a variável (C) do meu imposto, somar ao meu salário, fazer as contas ao inverso, para sonhar o quanto minha vida melhoraria, afinal esse valor seria muito bem vindo, Já que para a maioria das pessoas como eu sobra mês no salário.

Eu sei que não vou descobrir, deve ser segredo de Estado (assim como as contas das licitações) e devem mudar ao sabor dos ventos...

Já pensou se no IPTU tivermos que pagar a porcentagem do ar? Para aqueles que tiverem o nariz grande será um problema. Já deve ter algum projeto de lei parecido com isso.

Mas o dinheirinho do ladrão vai sim , e ninguém me convence do contrario, diretamente para variável matemática C, está previsto para o super fantástico amigo "faturamento", para os "aditivos" sem explicação para as "empresas e pessoas fantasmas" porque aqui no Brasil a CEF ainda não financia lotes e casas no céu, e é por isso que as pessoas que já se foram ainda continuam recebendo salários... para pagar os aluguéis do além.

Esse dinheiro da variável não faz falta para à máquina, a locomotiva continua a todo o vapor. Está pago!!
Pagamento adiantado, todo mês, toda hora, todo ano, o contador de impostos em São Paulo na frente da Associação Comercial parece que vai explodir, os números giram mais rápido do que aquelas máquinas caça níqueis e o dinheiro está lá, disponível para que o ladrão usufrua como quiser
Mas diferente daquele disponível na carteira, esse dinheiro, não nos garante nada!!

Que venha logo a Revolução!!

O Bêbado a Puta o Louco e o Assunto.


 

Dizem que em toda sociedade, o arquétipo do bêbado da puta e do louco estarão ali sempre representados de forma escancarada nas próprias pessoas  ou de forma camuflada em traços das personalidades.

Eu acrescento (por conta própria) outra categoria na lista desses personagens: A pessoa que conhece o bêbado a puta e o louco, sabe exatamente onde moram, e ainda se for do seu interesse  apresenta-os para você. Eu a chamo de  ’Assunto’

Essas  três primeiras personalidades são lendas vivas citadas em boa parte da literatura e dramaturgia que explora o cotidiano desses estereótipos  e a complexidade das suas relações, mas o personagem  Assunto vai além, porque conhece tudo e a todos, são caricaturas 
interessantíssimas e verdadeiras listas de serviços, lícitos e não lícitos, contadores de histórias mirabolantes e ainda prestam informações de  utilidade pública e as vezes  alguns desserviços também,  mas sempre na tentativa de ajudar.

O Assunto conhece o médico que atende em casa e o “médico” que fornece  a receita do medicamento  pelo correio sem te conhecer, o diretor do hospital do bairro e o farmacêutico que exerce medicina ilegal  nos fundos da farmácia.

E diga-se   (essas informações é sempre o assunto quem dá) o farmacêutico sabe mais que muito médico por aí  e foi ele quem ensinou o médico diretor do hospital  a fórmula  para concepção de meninas ou meninos assim a  gosto do cliente, tudo de forma muito cientifica e baseada em cálculos!

O Assunto é capaz de gastar minutos longos e preciosos para dar uma informação ou ensinar um caminho  que só ele conhece.

Conhece o homem que vende o passarinho que ninguém consegue achar  (provavelmente porque  a venda é proibida) conhece o testador de muletas desempregado e pasmem! Conhece a  pessoa que procuram urgentemente um testador de muletas para trabalhar; Conhece maridos de alugueis para serviços domésticos e maridos de alugueis para serviços não domésticos; Conhece um tal boliviano benzedeiro de animais que resolve qualquer caso e não cobra nada! Quase um São Francisco de Assis na versão latina.

Sabe onde mora o  acompanhante dançarino profissional, que cobra mais caro quando o baile é da terceira idade e que nas horas vagas pode ser um bom pintor.

Sabe  tocar  violão,  não porque recebeu  uma formação erudita, diz que aprendeu “música” nas revistinhas de banca de jornal durante um tempo em que tocava e cantava em bares  para ganhar alguns trocados  e foi nessa época que conheceu o dançarino profissional.. Dança conforme a música, aliás, canta, dança, representa e ainda chupa cana....

E por falar em cana, o Assunto sabe se uma mandioca é das boas porque já vendeu  mandioca de porta em porta e descreve todos os itens a  seguir antes de comprar uma boa mandioca; Vendeu seguros contra terremoto, queda de avião em terra  e  jazigos em cemitérios
Conhecem o dono da vaca que se soltou e está no meio da rua atrapalhando o trânsito, o dono do mercadinho, o jornaleiro, o cara que lava carros o dono do açougue que não tem autorização da vigilância sanitária e também o promotor do fórum, sendo esse último conhecido porque é cliente do açougue e amigo do dono da vaca.

Vende salgadinhos, chocolates,  bolos e pães de mel  na  porta da faculdade, ou melhor na porta da própria  faculdade em que estuda e por isso conhece muita gente..

O Assunto conhece o  padre que comanda o serviço social de reabilitação de dependentes químicos  e  o traficante da área também, conhece a parteira e conhece a enfermeira  que foi presa porque fazia abortos clandestinos .O pai do filho da grávida que não sabe quem é o pai! E o pai de santo que dá uma mãozinha nas causas perdidas.

O Assunto conhece o  benzedeiro que mora em frente a igreja, cura através das orações e ajuda muita gente.
Se você precisar vender seu caro o Assunto com certeza saberá quem quer comprá-lo.

O Assunto está  ai do seu lado, no seu trabalho, divide  o assento do ônibus com você, o outro lado do balcão  o outro lado da linha de telefone.
O Assunto  pode ser seu chefe, seu governante, seu  vizinho, seu pai.

Aparentemente o Assunto pode ser  simplório, insosso, portador de cultura inútil.  Clichê !  Ou pode ser culto inteligente e politizado! Isso vai depender de quem ouve e conta às historias do Assunto.

A única contra indicação para uma vida carregada de previsibilidade, é que uma hora vai faltar  Assunto...
Por isso é bom começar a  rastrear  essa categoria se as suas experiências de vida ainda  estiverem na categoria” clichê” não menos dignas por isso é claro, só um pouco sem graça.

Agora convenhamos, ser  louco,  puta e bêbado, sem rodeios  e hipocrisia é muito mais fácil e cansa menos!!!
Pode ser que assim como eu, você não conheça nenhuma puta, nem um louco e nem um bêbado além dos que existe em você mesmo! Mas se meu exemplo servir de utilidade  pode-se  tentar, começando pela pessoa que os conhece e sabe onde eles moram e pode apresentá-los a você!

Ao menos será divertido e ao máximo, dará boas histórias e assunto não vai faltar.



MALDITO NECESSÁRIO CELULAR



A tela do celular primeiro brilha depois pisca, os dedos estão sempre ocupados apertando as teclas, digitando novos números para responder chamadas, enviar mensagens, resolver problemas que podiam muito bem esperar, mas o barulho da chamada apressa o que não tem importância e obrigada o destinatário da chamada, o escravo de prontidão, disponível a qualquer hora a dizer pelo menos “alô”, nem que seja com a boca cheia, mastigando um bife.

As pessoas estão ávidas  por se manterem ocupadas, mesmo na hora do almoço, afinal celulares são para pessoas em movimento.

E com o tempo, assim como as roupas, o  celular torna-se parte do vestuário. Esquecer o celular é como sair pelado, pelo menos a sensação é de estar sem as roupas. A incomunicabilidade será incluída na lista dos pecados capitais, estar com o celular é nunca estar fora, não dá pra   dizer que  você não está, você sempre está e recusar uma chamada é sempre uma falta de educação imperdoável,  deve- se atender mesmo no banheiro... Haja visto todas as pessoas que deixam o celular cair no vaso sanitário, as assistências técnicas já estão acostumadas.

Todos estão ao alcance das nossas mãos, não importa o que você está fazendo e qual a distância. O único ponto estável é que o celular está no bolso! 

 O celular serve também para não conversar tanto com quem está ao lado, as pessoas em grupo quase não conversam mais, não se olham, não sentem prazer em estar juntas, agora elas apertam botões com as cabeças baixas, a conversa é substituída pelo barulhinho do botão.

O contato físico não determina mais a proximidade, são as  conexões que  determinam a proximidade.
Mas é bom esclarecer esse ponto da proximidade, em parte, porque a  regra nº 1 do manual de utilização  é  nunca esquecer que comunicação não é o mesmo que  relacionamento, isso é importante para a  não construção  de vínculos
 Com o celular, você pode ser ao mesmo tempo solidário, se interessar pela vida dos amigos, e se ocupar  de   tudo de longe, com um distanciamento fundamental para um desligamento sem ofensas.

É assim que essas  conexões que não tem vida e nem calor também trazem o beneficio   da sociabilidade vazia ,  relações descomprometidas sem o menor constrangimento.

Sem contar que é muito legal mesmo  ter 680 amigos conectados no celular o tempo todo, uma multidão de pessoas legais, destacadas, populares, geniais, que falam o tempo todo de si mesmas, o que estão fazendo e onde estão, manter-se junto com essa multidão é absolutamente....legal.

 Pode-se também  por exemplo correr para um local seguro quando as pessoas da rede ficarem delirante demais, é só desconectar. Entrar em contato não é obstáculo para desconectar.

Agora bom  mesmo é ouvir a conversa interminável de algumas pessoas nos ônibus, no cinema, teatro.... Quem  nunca ouviu essas pessoas falando sem parar em seus celulares, contando casos interessantes, executivos mostrando competência para todos que querem  e não querem ouvir, adolescentes dando as coordenadas em altitude e latitude de onde estão ?

E não conseguimos deixar de prestar atenção nas conversas, em algumas situações elas são melhores que o livro que estamos lendo no transporte público a caminho de casa, não dá para ler e prestar atenção na conversa ao mesmo tempo. Será que essas pessoas quando chegam em casa ainda tem assuntos para conversar? Desconfio que  é essa a  comunicação real, quando chegam em casa correm para seus quartos e trancam as portas.

Agora ruim mesmo é ter um celular quando o carro quebra em uma rua deserta, quando alguém perde o namorado em um show lotado, isso  obriga  a  usar a criatividade em outras desculpas  para as horas que não se quer estar.