sexta-feira, 26 de abril de 2013

LUGAR COMUM





LUGAR COMUM



Entrei pela porta.
Cá estou eu.
No mesmo lugar, onde jurei não voltar mais.
Saí daqui no escuro e no frio.
Mas agora está claro e quente, mas ainda é o mesmo lugar.

No claro ou no escuro a percepção é a mesma,
Ou melhor, a falta dela é a mesma.

Aqui no claro a claridade é tanta que ofusca, cega a visão do que tem aqui. E tem hora que tudo vira sombra do que esta lá fora.
Mas lembro que a pouco, lá fora no escuro absoluto, o excesso de visão era tão grande  que dava pra ver a alma.

Ao menos o vazio no estomago é o mesmo, para dentro e para fora.
Mas dentro,  respiro mais e melhor e mais fundo. Porque o ar aqui é quente, na medida que conforta.

Tudo está fora do lugar quando estou nesse lugar.
E tudo vai para seu devido lugar quando saio desse lugar. Fecho as portas. Sempre!! Tenho esse cuidado, mas quando olho de novo as portas estão abertas, e as gavetas escancaradas. Volto para cá, sem entender quem abriu as portas; Tenho problemas com chaves, sempre as perco.

Sento na cadeira confortável do meu inconsciente, e logo sinto a inocência de quem deseja brincar com um animal selvagem o assombro de quem chega e encontra tudo aberto e revirado, e a segurança de quem tem muito, muito poder.

Mas cá estou, me sentindo em casa, entrei pela porta da frente, do mesmo lugar que abandonei amaldiçoando e desejando ser engolido pela poeira.

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